sábado, 27 de dezembro de 2014

Bagunçacidade

Eu estava meio pra lá
Um ponto e meio pra lá
Fiz um rodeio com Juliana no meio
E tô inteiro pra lá
Meu copo cheio não dá

Então vá enchendo até o momento de transbordar
Dois dedos e meio pra lá

A borda é lisa e minha camisa não precisa passar
É que o tecido é parecido com o do seu vestido grená

Vim pra te ver debutar
Aos vinte e três debutar
Usando um verbo
Que eu, lerdo, já nem sei conjugar

Assine o branco manchado
Desse meu olhar perturbado
E te dou a sentença de ter
Minha presença ao teu lado

Nas noites frias e nos dias céu azul ensolarado
Olhe teu lago e no cais, verás a paz do meu barco

Meu caderno embriagado
Eu canto embriagado
Não dei um gole
mas mole é quem deu o gole errado

E se elas gostam assim
Você não gosta assim
É que no pico do baile
você deu as costas pra mim

E se é a linha que separa o mar da terra
todo mundo erra, viu todo mundo erra

Minha carteira faz eco
E seu xaveco efeito
Se eu peco sou o predileto
Nem tão esperto ou perfeito

Meu jeito certo é furada
Eu não sou flor de perfume
Eu sou revolta na lata
A rebelião do cardume

Sardinha em ordem é progresso
E já nem meço saudade
Estou do lado errado
Dessa "bagunçacidade"

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Do batuque tamborete

Triste é ver as luzes de Natal e lembrar de ti
Ver teu nome tatuado nessas linhas que escrevi
E "Vai me desculpar"
Se a labuta que escolhi ainda faz te incomodar
Como quando eu criava fantasias sobre Hungrias
Que hoje em dia já não morariam naquele lugar
Ainda falo com meu ego e perco
Afirmo a ordem do fator altera a qualidade do esterco

E minhas linhas quando falam te cativam
Mas como colateral efeito elas me privam
Prezo a falta de preza em meio ao coquetel
Escrevo em taças algo sobre o cinza azulado do céu
Minha lembrança é um Corcel verde
Uma rede, um tamborete
Uma faca entre o caibro e o telhado
E um cheiro de presente como coeficiente do passado

Estou escrito e o que você tinha dito está anotado
Em qualquer página de um caderno que está guardado
Bem pertinho do que eu mostrarei para teus bisnetos
Serão dupla e hoje recebia notícia que estão fetos
Os guardarei umas semanas por afeto e decisão
Se eu acaricio o mundo, ou se o mundo afaga minha mão
Por não fazer distinção e chamar promiscuidade
Um dia eu volto marcando seus batons com minha saudade


terça-feira, 16 de dezembro de 2014

LSDNA

Tem seu DNA nos ossos do meu coração
Em destroços não, em pedaços pequenos
pra que caibam na tua oração
Lembra o plano que escrevi
no estrado da tua cama que quebrava
Eu escrevia e te cantava, você lia e me falava o verso todo
De trás pra frente, ato consciente e jovem louco

Apanhei da música
Em praça pública
Expus minha cabeça
Pisquei pra privacidade
Gentileza é gentileza

Minha verdade é a mesa
Minha vaidade é a dança
Embriaguez, minha natureza
E quando tombo é lembrança
eu não sou nada...
Além de um dolorido em meio a métrica
Retrato analgésico
Rima psicodélica

Não caberá perdão no meu caixão
O vão é curto e meu surto é reação
De quem tem DNA alheio em meio
aos ossos do réu coração

Um tanto quanto nada e aposto tudo
Suas fotos dariam um filme,
Mas seria um crime
Afinal, nem todo cinema é mudo

Cante,
Que o João garante o numeral
Me deixe escrever poesias
Nas linhas do seu varal...


segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Pensardelos I

John Lennon "Imagine", MC Boy do Charme "Imaginei". Percebo que pouca coisa separa os sonhos, quase nada, acho que todos são sonhados no mesmo plano, pintados no mesmo pano, sonhos são pintados e coloridos, e quando expostos... agradam aqueles que tem beleza nos olhos e alma livre.
Só enxerga a beleza de um sonho, quem é livre pra sonhar, existem grilhões que prendem mentes, assim como depressões prendem corpos, é curiosa a quantidade infinita de tons que as cores dos sonhos geram, e mesmo sendo infinitas e contrastantes se complementam.
Pra Raul, um sonho é realidade só quando sonhado junto.
Seja em Inglês britânico- igual o meu HaHa- ou em português -igual o nosso- todos são belos e respeitáveis.
Sonhos moram do lado bom da cabeça, junto com o nome da professora do "prézinho" e do sabor favorito de pastel.
De tempos em tempos, surgem traços novos em nossos sonhos mudando os tons dos traços velhos ou tornando a pintura ainda maior.
E como branco é a cor fruto da mistura de todas as outras cores do espectro, se sua tela está em branco, ela está recheada de cores secretas, mostre-as.
"I have a..." Quando foi a última vez que discursou sobre sonhos? Está na hora de conhecer cores novas, falar sobre elas. Sérgio Vaz socializou os sonhos dele.
Que esse texto seja um pingo no seu espaço na tela dos sonhos, não um pingo dos que borra, mas um pingo dos que iniciam um novo traço, pode ser um braço, um abraço, ou uma aliança, pode ser um passo de dança... Que seja gasolina - ou etanol- para realizá-lo e... (vendo o copo meio vazio) mesmo que não se realize, ele vai colorir tua vida, isso é bom!
Vai inspirar novos sonhos em outras pessoas, isso é muito melhor!
Sonhe e deixe sonhar! Viva e deixe viver! Respeite as cores, elas simplesmente são, respeite os traços, eles são livres. Seus olhos refletem a cor dos seus sonhos. Liberte-se do que te impede de sonhar.
Deslimite-se

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Aliás

Sóbrio de nascença
de nascimento, pra renascimento
Paciência não foi virtude
Hombridade não foi talento

Cada pegada é um espaço
Cada espaço é um momento
E se pés podem ser distância
Que mãos sejam sentimentos

Aliás,
O que há de bom no perdão?
É como não sofrer por escolha
e sofrer por opção.

Pouca coisa muda...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Enquanto a banda não entrava

A cereja do bolo era um tomate
E eu que peço "Experimente!"
Recusei sem ter provado
Esse tempo quente
Trouxe um resfriado
É que ar-condicionado
Me deixa sem condição
Estou aqui esperando a banda
Interpretar minha canção
Que escrevi sobre equinócio
Da luz da inspiração
Fruto do ócio da minha disposição
Li a palma da minha mão
E estranhei o estilo da escrita
É uma mistura de Arendt
com Maria Bonita.
A menina para e dita:
-Fale TU-DO o que sente
Meu pé estava na frente
O outro só fiz passar rente

Me desculpe,
mas a culpa não é minha...


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Externa Cadente

Sobre pontes de rios poluídos
Indivíduos andam divididos
O conforto merecido
O carinho merecido
Aqui foram esquecidos
E hoje o que toca a mente
Dificilmente acaricia os ouvidos
Ontem me senti perdido
Caminhei, caminhei
Caminhei sem ter destino
Então fiquemos intendidos
Esse tédio pegajoso
Que rouba teu travesseiro
É corajoso e corriqueiro
E a moça da voz mansa
Olha pra mim e dança

Eu boto um pé na frente
O outro passa rente, eu sigo
Minha depressão
Só me lembra teu umbigo
Componho com teu nome entrelinhas
E tuas estrelinhas
Deveriam ser só minhas
Noite fina chuva escura
Tanto bate até que fura
Chego perto, faço o certo
Não flerto com a censura
É minha cura, sara
Fecha minha cara é briga
Toco meu melhor
Que hoje mora na tua barriga

Doce ventre eu me encanto
Peço que Nossa Senhora
cubra com teu manto
Se eu não demonstrasse ou sentisse
Linda seria tolice
Eu passo fazes
Faço pazes
E se o Valete virar Rei
Ainda escondo os Ázes
Minha manga é funda
E aqui na Barra-Funda é o que preciso
Conto bandas, canto sambas
E contabilizo Amandas e Helenas
Soluciono mais de vinte por cento dos problemas
Minha parcela é sela pro jubáio
De Jorge pra Raul
Ligo e aviso Carolina,
Estou na linha nove, e é Grajaú.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Pra que o monstro da minha veia voe

Pior que o terror é o suspense
Câimbra na intuição
Antes que o coração condense
E a alma escorra pelo vão
Leio a oração que tatuei no antebraço
Desfaço a oração

Sou orgulho do meio pra fora
Ao contrário sou perdão
Amor é a casquinha que cobre meus olhos
Carinho é o coro que cobre minha mão

Meu manequim é Luíza
Abílio Manuel que me perdoe
Paixão de Mariana, traço areia
Pra que o monstro da minha veia voe

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Que calendário é hoje?

E eu me sinto Dezembro
Olhei Novembro do alto
Estava alto mas lembro
Outubro alcoolizado
Era ressaca de Setembro

Agosto na boca
Julho é o mês da mais louca
De Junho pra Maio perdi a dignidade
Em uma porta que ela me Abril
Do outro lado da cidade

Carolina de Março
Meu Fevereiro é de aço
E meu pandeiro?
Mora com uma moreninha
Pros lados de lá num tal de Rio de Janeiro

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Eu sou Hungria

Minha mãe dança, meu pai viaja
Eu guardo numa caixa, cada lembrança
E com a tampa da caixa, fiz uma rampa
Pra subir estimas e cabeças baixas

Meu pai viaja, minha mãe dança
Subi na tampa da caixa, pra ver além
Escrevi "Procura-se Amor", naquela faixa
E depois de um tempo, achei ninguém

É que meu pai lê livros, pela metade
É que minha mãe chora, antes do fim
Mas o problema se....ria se eu
Não herdasse tudo isso pra mim

É que minha mãe escreve, com lápis branco
Pra que as letras livres, encham de cor
A capa do diário, santo e secreto
Onde meu pai, esperto, chama-se Amor

É que eu virei começo, no meio deles
Como a pomba entre a Peristeria
Sou filho do ventre, de uma orquídea
Meu pai é o vento, eu sou Hungria

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Pra valorizar os negativos

Ainda não gosto de nata
Mas a brisa afaga
e é tudo que preciso

Me manter na reta
e me perder nas curvas
de um sorriso

Dê um sorriso
sem imaginar
o bem que prolifera

Somos um
e eu prospero
se você prospera

Pro meu verso renascer
matei meu primeiro livro

Ai queimei as fotos
pra valorizar os negativos

Bati um prego na palma da mão
Pedi perdão pra Cristo

Pensando bem,
viver é isso...

domingo, 16 de novembro de 2014

Emocionada

Ora gente
Poesias não são flores
São sementes
Há quem escreva
Há que leia
Há quem semeie
Há quem regue

Há quem entregue
novas sementinhas

Há quem as cultive
em cada uma das linhas

Há quem pise
E as vezes pisar
faz parte do processo

Há quem julgue retrocesso!

São sementes de árvores
árvores de frutos doces, de trabalho
Cada macaco no seu... Jardim
Flores para quem vê
Amores para mim

Lágrimas umidificam o solo
A menina pede colo
Gagueja na oração
Seu pai pega um violão
Ele é poeta bom
Escreve poesias inteiras
nas linhas de um mão
São cortes entre clemências
milagres entre maledicências
Palavras soltas, com sonoridade
na verdade, são providências

Volto inteiro e astuto
pois não há um santo oco
Que diga que faço pouco

Faço semear sementes
Em cada tom dessa gente
Sobre luto e sobre luta
Pra que até a terra bruta
se complete com o que planto
Como a filha se completa com o pai
Que se completa com o canto

Sementes vou completando
colhendo, comendo e amando
à mando de quem falou, um dia
"Ouça amor, sua poesia é linda,
sobre mim, me emociona mais ainda
como se fosse um flor"

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Lêleo

E eu vou usando a porcelana como isolante
É eficaz e relevante, quando tirei da estante
Sobrou um espaço grande, botei a nossa foto
Que ninguém via no lugar que estava antes
A porcelana isola, e corta a sola do pé
que chuta a bola, é o choro do Dé
Que levou ponto e não vai levar ponto
... Agora
Toca de lado, eu corri, estou isolado
no lado norte da grama, sem marcação
Sem porcelana, a bola chama o artilheiro
Que rege a orquestra das porcelanas
Que matam o tempo que engana, lembra?
O passe é feito eu domino no peito do pé
A torcida grita lêleo... Olé... Olé




sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Se eu for...

Foi distração, Formiga
trocou a joia Repelente
na palma da minha mão Formiga
Botou um cravo  Repelente
eu fiquei bravo  Formiga
mas sem razão Repelente
cravo espanta formiga Formiga
joia não Repelente

Mais vale um cravo no meus arroz
do que uma formiga entre nós dois

Diz que não vai Formiga
me abandonar Repelente
antes que fosse Formiga
O arroz é doce Repelente
e você queria Formiga
Então Carolina Repelente
Faça figa! Formiga
Pra eu não botar formiga! Repelente

Mais vale um cravo no meus arroz
do que uma formiga entre nós dois

Lamba a colher e Formiga
Imite a mulher  Repelente
da saia florida, Formiga
da blusa branca Repelente
com a estampa de formiga Formiga
passe guache na testa Repelente
quem sabe presta... Formiga
Sei lá se presta! Repelente

Mais vale um cravo no meus arroz
do que uma formiga entre nós dois

Não ter anel é minha regra Formiga
mais tem poesia Repelente
e verso que alegra Formiga
Fui arquiteto, astronauta Repelente
e caminhoneiro, e uma vez,  Formiga
era Folia de Reis Repelente
Conheci um bolo, Formiga
tal de formigueiro Repelente

Mais vale um cravo no meus arroz
não tem formiga entre nós dois

Viu que mudou? Formiga
E se não viu é que não olhou Repelente
Está na cara  Formiga
a primeira linha fala Repelente
"Por detrás da frente" Formiga
Ou é formiga ou repelente Repelente
Me procure, Formiga
não há mal que eu não cure Repelente






segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Finda feira

Pensei ser mamão
            mas descasquei um abacaxi
                    pra morder a maça e,
no fim,
            entender que amor não é uva

sábado, 1 de novembro de 2014

Tic Tal

INTRO:   É que é Novembro
              e meu tempo passa apertado
              entre uma canção composta
              e um talão depositado
              o envelope vai lacrado
              pra carteira dos banqueiros
              e quando eu for mais esperto
              vou depositar ponteiros

Meu tempo tem poder
de me reorganizar
de compor canções em mim
que a vida ensaiou cantar
tem minuto que é um dia
tem dia que é uma semana
tem vez que eu mato o  tempo
tem vez que o tempo me engana
Cada coisa tem um tempo
cada tempo tem de tudo
e quando eu tento entender o tempo
muito mais eu me confundo
é que o tempo é bem maior
que qualquer relógio feito
estou aqui já faz um tempo
e ele é sempre desse jeito

Um recorte temporal
Entre nota epocal
Tic, Tac, Tic, Tac
Tic, Tac, Tic, Tal

Não imagino quem o fez
Minha vó, Dona Maria, certa vez
disse que ele formaria reis
e os mataria
Confesso que nesse dia
eu senti medo tempo
mas hoje tenho argumento
e medo não sinto não
Pego o tempo pela mão
E explico com uma canção
que sou um rei informal,
em processo de formação.
Quando eu estiver formado
Ao tempo deixo o exemplo
minha morte é só um motivo
pra um novo Nascimento
igual eu, com o pé barrento
compor um refrão grudento
que diga "Tempo é dinheiro"?
-Jamais, tempo é sentimento!

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Com nós

-Pertinho de onde tu deita
Meu peito ajeita um canto
É conforto, é acalanto
pra cura desse teu pranto

       Mocinha olhe em meus olhos
       meus planos contém teu nome
       Tua sede mata minha fome
       Sou eterno em teu abdômen

-Mas moço tu disse ser tão livre
e eu quero inclusive
descobrir onde teu amor vive
favor não me prive

      Jamais o mal lhe faria
      Mas meu amor outro dia
      passou numa bicicleta
      caiu e quebrou na guia

-Trabalhei na enfermaria
Deixe que esse eu concerto
Faço um curativo esperto
Pra lhe ter sempre por perto

      Cuidado que ainda dói
      E prometa não machucar
      Meu "coraçãozim" de novo
      No dia em que ele sarar

-Pra ti faço faço prometer
Pra ti faço me entregar
Com o aval de Nosso Senhor
Pra sempre irei te amar

      Talvez seja só receio
      Mas creio com um pé atrás
      É que jura de amor eterno
      Menina já ouvi demais

-A minha é verdadeira
E a prova é a confiança
Não exijo materialidade
em forma de aliança

      Tudo o que o homem criou
      com tempo irá esvair
      Por isso peça a Jesus
      pra esse laço construir

-Pedimos benção ao Rei
Não perdereis a nobreza
Pra que tu seja meu príncipe

      E você seja minha princesa...





quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Cínico

Surrupio, gaiato
Deixou o bolo
Comeu o prato

Olhos de vidro
Ossos de vidro

Cai pra cortar
os pés alheios

Responsável por dividir
tudo o que divide o mundo ao meio

Entope o ralo
Com drama

Abusa dos sonhos na cama
Derrete com elogio

Reflete e manda meio mundo
pra bem longe de si

Ainda não conhece
seus lugares favoritos

Prato branco é pra riscar!

-Mas moço, ele não come os pratos?

E o bonito é que
ele escolheu arriscar!

E se compor é vaidade
ele vai deteriorar
Pra ter a oportunidade
de criar tudo de novo
pelo gozo de assinar

terça-feira, 28 de outubro de 2014

de Oliveira

Entre o merengue o pus
crua boca e turbulenta
Como fala, fala, fala
Bala sai e mosca entra

Quem comenta sabe bem
Ainda não menciono alguém
Mas se partisse só dela
Anabela era refém

Pirografia no ego
São detalhes e segredos
Tão secretos quanto anéis
que ousam comprando dedos

Há quem viva de fome
como há quem viva de medo
há quem morra só no palco
fazendo do amor, brinquedo



sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Eu que não

Nesta linha é noite sempre
Gente que nem vévi mais
Roteirizando contextos
uma bíblia em Alcatraz

Ontem ninguém entendeu
Hoje menos e amanhã
quase nada de merenda
pouca renda e talibã

Não venha meter o bico
Minha bolsa mata a pobreza
Tucano vira pavão
se cifrão põe pão na mesa

Eu que não

Ousaria discutir
Minha ignorância incomoda
Mas se é com S ou com C
Fale de ensino na roda

Fale de Bacharéis
Veja a tendência nos papéis
Vil Metais e Decibéis
Outrora estrelas cruéis

Ainda somos tão jovens
Não culpe minha geração
Note que a sua está
Por trás desta maldição

Eu que não

Deus me deu a condição
sonhei tal noite passada
E através desta mão
A Fé será restaurada

Monumento
Representatividade
A Glória viva
Luz trazendo sanidade

Quem amarga o argumento
Fique atento, há demanda
Não difere minha vizinhança
da Palestina quando sangra

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

E lá no lago...

Cuidado!
Fora do lago
todo cisne é pato

Não pisque!
Pato no lago
fora todos são cisne

Se chora...
Pato é pato
dentro do lago ou fora

Dê um trago...
Cisne no pato
E as patas fora do lago

É engodo...
Isca de cisne
que pesca o lago todo

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Estrelas Velhas Caem

Espirrou tudo o que não lhe fazia mais
Virou um Rei e pro azar do mundo
em sua manga habitava um Ás

Agora jaz, misericórdia e piedade
O que é normal pra quem sempre
buscou contato de verdade

Sua vida é rejunte na história de quem conheceu
e lê histórias sobre histórias de um profeta judeu

Tem sangue na Palestina e cocaína por perto
O que preocupa é que portão de casa dorme aberto

Seus filhos sonham ou deveriam ter noites tranquilas
Kriptônia em microfones, fome e clones em filas

Coisa de cão, lave as mãos e coma até estourar
Prove que o bem do laxante faz mal à sala de estar

Livros não sabem ler
Canções não sabem cantar
Mas ninguém vai entender
Quando o rojão estourar

Mas há saída
Ainda há vida espiritual

Estrelas velhas caem e as novas se dependuram no varal

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Hora

Hei de crer que nem todo fim é pronto
Nem todo nó é ponto
Nem todo laço, compreende o espaço
em que me encontro

Hão de ver, ora!
Vou-me embora pra Bahia
Tenho tempo, tenho alma
E, hoje, cabeça fria

E se houvesse escutado
O outro lado do disco
e não houvesse furado nuvens
igual obelisco

Suba no ponto mais alto
Grite o meu verso mais brado
Cante a canção mais fagueira
Desça pelo outro lado

Meu relógio marca as paixões
Convicções e dilemas
Problemas e indagações
Ressurreições e poemas

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Com sambas

Com um sorriso igual ao "Ficou Linda" de vendedora
Botei farofa na sopa para o banquete da professora
Eu sou a cura, sou vírus, antídoto da saudade
Sou a estrutura noturna que amanhece a cidade

Sou Claridade, de Clara Nunes
Luz da Inspiração de Candeia
Sou Fala Mansa e grito
Nosso nome escrito na areia

Sou o chocalho da Morena
O brinquedo que bambeia as pernas
Sou ligações não atendidas
E alianças eternas

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Eu quase sempre erro

Ai fiz a previsão
Errei por uma questão
Disse que vento forte
É nota de corte pra tufão

São quarenta graus, de miopia
O que nos faz cair
É falar de sustentável
Quando o sustento mudo já fala por si

Divida a soja
Divida o suco
Ou dividiremos o seco

terça-feira, 14 de outubro de 2014

4235

E essa dor de cotovelo é crônica literária
E o que causa essa náusea é a causa partidária
Política sanitária, linha de voto precária
Que reflete no meu povo ação nada igualitária

Um tanto retardatária, dois tantos tendenciosa
É o que transforma programas e projetos em vetos e prosas

Prefiro versos, em retrocesso não me encaixo
Direita na direita, esquerda na esquerda
E quem paga à prestação fadado a morrer em baixo

Do alto vem Ordem de Serviço e chuva pouca
Deus lhe pague pelo arroz com feijão que enche a boca
Pelo carro que me leva um terço do salário
Só não me interprete mal, não sou crítico político
sou cínico literário

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Sonedota

Não coube na minha carteira
Era alegria pura, verdadeira
Do tamanho da loucura
Da altura da doideira

E a garota que tem nome de pedra
E o coração do tamanho da minha camiseta
Me acudiu quando cai
Foi amor à primeira letra

O mais estranho que já vi
E olha que já vi cachorro andar de lado
Quem disse que não ser feliz é errado?

Talvez seja o certo no avesso
Talvez seja um recomeço
Talvez seja um recomeço

domingo, 12 de outubro de 2014

sábado, 11 de outubro de 2014

Onze do Dez

Respirei
Criei meu mundo
quando expirei

Entrei
Observei
Me tranquei

A tristeza ainda habita aqui

Mas são cada vez mais frequentes
as vezes que a vejo sorrir

E me orgulho ao falar 
que ela também faz inspirar
lindas canções para que
os corações possam cantar  

E suas lágrimas viram enxurradas
Em gargalhadas de piadas bem contadas, 
e as mal contadas vira nova piadas

Vivemos bem 
independente do que cada tem,
todos são... Diferentes
E o fato de todos intenderem isso
iguala a gente

Gelatina, confete, cavalo de pau
Diabolô, berimbau

Saudade da coxinha, da empada
E até das vezes que errei a estilingada
e não derrubei a lata

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Carol por cores

Nosso amor incendeia os Andes
Ela liga e diz que é meu amor
Eu digo "Alô Paula Fernandes!"

Baita luxúria troco os nomes
e confundo as coxas
Ela vai de Red Hot
Eu vou de "Zeca, Poxa!"

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Duas gotas

Choque na cutícula
Banho Gelado
Cada qual que pague seu pecado
Ainda estou com frio de ontem
Já estou com a fome de amanhã
Vou pelo breu, eu sou Xamã
Aspirina e Zero Cal
Perdeu a lente
E vê as palavras cruzadas
cruzarem com o que ela sente
"Ir, sobretudo em frente"
Passa minha calça vó
Que hoje vou por um caminho diferente


quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Sobre "Meu conselho é pra te ver feliz"

Finja de morto
engane a morte
Queime a brasa
Tente a sorte
Viva!

Grite forte
Escreva tudo
Ganhe o mundo
Pule partes
Pense!

Troque o verbo
Saia insano
Bole um plano
Tente o flerte
Interprete!

Rasgue o cheque
Fique rico
Morra pobre
Eu explico,
Cobre!

Vá com sede
Arme a rede
Só não deite
Aliás,
Nunca deite!

Beba água
Passe um pano
Conte estrelas
Minta estrelas
Fale!

Roube amores
Cante pétalas
Toque a pele
Beije ela
Ame!

Leia tudo
Entenda o livro
Prefira o filme
Cometa o crime
Repita!

Case cedo
Durma tarde
Vá à Marte
Tenha porcos
Pinte!






NOTA:

Santana de Parnaíba, 08 de Outubro de 2.014.

             A quem possa interessar.

        A Equipe Jurídica do Blog Resenha Cínica vem através deste, informar que nem o Autor e nem o selo literário Ponto Parágrafo, do qual o blog é membro, são coniventes com a violência cometida contra animais ou outros quaisquer seres vivos. Quando o autor -arrojado, carismático e talentoso, diga-se de passagem- aproxima os termos "Tenha porcos" e "Pinte!", ele usa, e abusa, de licença poética para dar vida as palavras e criar ligações psíquicas nos devaneios dos leitores, em nenhum momento usa de sua influência ou persuasão para instigar seu público a desenhar ou realizar pinturas em suínos.

                                                                                                       Poder para os porcos.

Resenha Cínica- Departamento Jurídico
Selo Literário Ponto Parágrafo
Marcos Hungria

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Adão, Eva e Mário

Caco de vidro no pomo de Adão
Eva não, erva e pão
Mais repercussão
Você não pediu? Então
Segura o rojão

Não é Carnaval e morro está descendo
Aliás, faltam dois meses pra Dezembro

Vil metal, bala de prata
Nessa história barata
E chibata mora nas costas
de quem cata lata

Asfixia é asma
no novo milênio
Disse Mário, Herói Boêmio
Conhece o Mário? Não?
Então ganhou um prêmio, tó!

domingo, 5 de outubro de 2014

Ei Carolina

Um trago no azedo
Ei Carolina
menina dos olhos
de outra menina

Pela sina
assina e vai
é quando o teto cai
Sai, sai, sai

Não sou encosto
nem banco
meu Santo é Rei

Sei onde pisar
e como pisar
nesse chão

Pela unção
Sou Quintana
e Walmir Lima
em oração

Ei Carolina...

sábado, 4 de outubro de 2014

Pra torná-la tetrasílaba

O que me inspira é o par
de olhos verdes ao me olhar
e perguntar se em nosso futuro
iremos nos amar

Ora linda,
Só depende de nós no final da conta
É aquela história de que o universo
não conspira contra

Meu convite é pra que
você viva, eu vou viver
até o dia em que a morte
permitir ou perceber

Sou astuto no seu corpo
habitué no seus problemas
Buda em meio ao seu caos
Saüdade escrita sem trema


sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Cara Carol

Cara Carol;
Disseste ao Sol o que fizemos sobre o lençol?
É que ele perguntaste
se meu faro não vê o contraste do farol

E como você é minha luz,
eu respondi que só compus a "Lá Bemol"
E quando fui cantar a letra
percebi que tinha treta ela nasceu em espanhol

Ainda que eu falasse a língua mãe das crises
Ainda que criasse sete filhos livres
Ainda que eu sonhasse até perder a hora
Cara Carolina eu jamais deixaria você ir embora

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

De um papo com Carolina

Minha caneta pesa um paralelepípedo e meio
Sem problemas amigo meu estojo tem recheio sabor recreio
É meio a meio, de um lado morango do outro merengue e receio
Hoje creio
Sempre crio
Não era feio
Era frio
Eu, vadio
Compondo e descompondo sobre Janeiro de Rio
Fiz o contrário até deixar apertado o vazio
É o que faço
Artesanato de cadarço sujo
Tatuando Usain Bolt no casco de um caramujo
Mas cuidado!
Ele parece ter o braço quebrado
E é só o ouro exibido e mandando um recado
De que ele corre pra recupera tudo o que foi roubado
Superemos
Hoje podemos levantar a taça
Avise Carolina vou esperá-la na praça
Se perder a hora corra
Se morrer amor renasça
Pra que alguém possa sorrir de minha piada sem graça

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Pede moleque!

Cura de queijo
Pé de moça
Dedo no machucado
do menino mimado
estirante
estilingue
pipoca
Bolim de Chuva em dia de Sol
Tripa de mico
Cerol

"Conta até 70!"

"Chuta fraco!"

"Cala-boca já morreu!"

Éramos mundos
e hoje mudos
em mundos meus

Será que os planos correram?
Será que a bola sumiu?
Será que perdemos força?
Ou será mais um dia frio?

Bom pra ler num lugar bom
E esse lugar talvez seja
uns treze anos no passado
Numa roda no pátio com a garota do lado...

O sonho era ser grande
Dimensão não existia
e hoje renova meu começo
a cada novo santo dia

Benção!


segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Com sinônimos celeridade e eficácia

Pra que todo assento seja preferencial
é necessário que todo acento seja preferencial,
burocracia não é inteligência
e a educação não deve ser burocrática...

domingo, 28 de setembro de 2014

Crime Passional

O beijo roubado
O flerte que cega
A mão que escorrega
O sussurro que arrepia
O cansaço sexista
O gemido saxofonista
igual um jazz

O suor da cabeça aos pés
O arranhão nas costas. sublime

Tem vestígios da minha carne nas suas unhas, é crime!

O doce palavrão
A Tara e a Luxúria

A fúria
O amor selvagem

A promessa de ser pra sempre dizendo "Estou de passagem!"

A coragem e o medo
O ato público e o segredo

A falsa fidelidade
O T da corrupção
Que atiça com carne alheia
Pra ver tua reação

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Do primeiro Sol dessa primavera

O Sol apareceu com um S maior
Com um O mais redondo
E um L mais livre

O vento é de cetim
As folhas são de veludo
O chão é ortopédico

O pé que calejou no sapato 36
Hoje pode sentir o friozinho da terra fofa

A semente germina

O pão caiu com a manteiga pra cima
No despertador, ainda que cedinho,
Tocou aquela favorita
Minha mãe amanheceu mais bonita

Será que quem me desejou esse Bom Dia
Imaginou o bem que me faria?

domingo, 21 de setembro de 2014

Certeza

Talvez eu me encontre pela semana
em uma gota de chuva, em um olhar maquiado

Talvez eu pare, talvez não
talvez já esteja parado

Talvez eu seja beijado
talvez eu seja assaltado
ou então os dois juntos
num beijo roubado

Talvez eu ganhe cascalho
de certo terei trabalho

Talvez eu perca a vergonha
Talvez eu perca o horário
Talvez eu ganhe a corrida
Talvez eu ganhe um desconto
Talvez chegarei à Trípoli
Talvez eu fique em Toronto
Talvez eu conte
Talvez mantenha em segredo
Talvez eu viva de amor
Talvez eu morra de medo
Talvez eu siga o enredo
Talvez eu crie o momento
Talvez eu viva na história
Talvez eu morra no tempo

Talvez você entenda
Talvez pense que sim
Talvez não sirva aos outros
Talvez se encaixe em mim

Talvez...

sábado, 20 de setembro de 2014

É que perdão...

Se você sofre guarde o coração num cofre
Sou ladrão, uso refrão e revólver
Nunca pedi seu telefone, pedi sua compreensão
Pedi um beijo e após, pedi que soltasse minha mão
É que perdão é frustrante
e frustração não combina com o restante de mim
Sou um mosaico de cartão, camomila, cravo, carvão
cominho, canela e capim cristão, talvez não
e, no entanto, é capim santo e com razão
Ela me beija com os olhos, ela me olha com os dedos
A vida é bela e por ela meus sambas viram enredos
Orai por nós princesa antes de se deitar
Daqui irei orar
Não que eu precise ser salvo
É que preciso salvar

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Café evasivo da manhã

Com os olhos do primeiro amor fez um anel
com as lágrimas fez coquetel
Embeleza e embriaga
Pra não levar mágoa, leva sal
E se ela fosse pontual
seria um ponto final
na notícia
da manchete
do primeiro dia
do jornal

domingo, 14 de setembro de 2014

Pra esse domingo

Uma dose do amargo
meu cargo é vitalício
Uma parte vai com o Marcos
Outra fica com o Vinícius

É domingo e eu nem vi
sou maior do que era
É o fim pra quem espera
a besta matar a fera

Coloque o sonho no chapéu
coloque o chapéu na cabeça
trace o plano e vá na frente
na frente, nunca esqueça

Um dia por rascunho
troco a obra por olhares
não por tetos, gosto de estrelas
mas trocaria por lares

Minha felicidade pinga
e borra sua carta triste
mas se você me permite
sua janela tem conjuntivite

Sou doutor de janela
mágico de fresta
e se seu mundo é resumo
resumi-lo é o que resta





sábado, 13 de setembro de 2014

Lapizando

Lapizei o que sentia e vinha
Vi a pedra fria na espinha
Comer caco de perdão
E engasgar com agonia

Uma bala pra morte
Um corte na vertical
O pulso para e o sangue jorra
Mas ainda estou legal

Talvez tenha morrido
Quando ninguém me olhava
Onde você estava?
Amores infinitos, quem jurava?

Mas já fiz mais drama
E sem promoção
Pela salvação coloquei
um pouco de pecado na oração

Não era eu não
Mas queria garantia
De cama quente
De água fria

Ligue pro céu e
faça uma ouvidoria
Diz que a fatura do seu pecado
é débito do Hungria

Diga que fale comigo
E minta que não estou
Se baterem na porta
Diga que a chave quebrou

Ou que cavei um buraco
com a pá do ventilador
é muito amor princesa
é muito amor

A Aliança não vai só no dedo
Não serei tão profundista
O seu nome vai na dele
Na sua vai uma lista

Sabedoria mista
Deu choque na sala
Deu cheque na pista
E eu, mala, disse 'não' pra trapezista

Meu voo é livre
Inclusive de artista
Meu lápis pinta e borda
Não risca

Veja onde chegamos
É invisível de onde partimos
E hoje somos, só
Só... rimos!

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Sobre a peça

Topázio, Virginiana
Emana o que meu espírito clama
Chega de drama
Dama, são novos planos
É nossa hora, vamos?

Romântica
Como Bom Deus fez
Pelos seus e meus
Sejamos reis

Em uma história com
"Felizes pra sempre" no começo
Eu mereço Pai
Eu faço e pago o preço

Ai de que quem não
Eu não tive chance e disposição
Tive dedicação

Só seja
Bela veja
Heresia
Trazer o pão de cada dia

Fica com a culpa e com o calo
Fica com o General que tortura Paulo

Fico com a Pedra
Topázio pra vida inteira
Seja bem vinda
É segunda-feira


domingo, 7 de setembro de 2014

Coitados

Num triângulo todos são ponta

Da Onda

Minha melhor piada
mal contada pra ser boa
Minha melhor vida
perdida vivida à toa

Minha toalha bordada
com um nome que nunca vi
Minha enxada sem cabo
prova que nunca carpi

Não plantei flores

Gosto de e principalmente
respeito o mato
A mãe natureza o colocou ali
Tirá-lo me soa desacato

Respeito a liberdade
outros casos me chateiam
Vim pra ser marco e taco-pau
Nos carrinhos que não freiam

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Eu, particularmente

Paralela a janela dormia a primavera
Considera sono de beleza o sono dela
O despertador era o galo
O travesseiro era a leitoa
Saia rum do chuveiro
E do ralo só música boa

Uma tatuagem de Drummond
Um esqueiro velho e um bombom
Duas pupilas de lata
E uma bata de teflon

Curiosa prima
Verá a rima
Escrita sem rodeio
Coloca a flor num tijolo
E me manda tudo por e-mail

"É que eu já tô de saco cheio!"

E quando piso no freio a ladeira berra
é marcosdominaterra.com.me erra

Minha garrafa de água quente
Meu alho sem dente
Minha poesia sem nexo
Minha laranja sem tampa
No rádio "Côncavo e Convexo"

Calma primo!

Baianinha cozinha
Cearense comenta
Maranhense procura
E a caipirinha não aguenta...

É muita pimenta!

Tenta de novo
Lê de novo
Até desiste de novo
Só não encoste seu escargot
na minha farofa de ovo
... É que eu tenho nojo...

Coisa minha...






quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Hora são

Tem pele na agulha da sua bala
Tem incêndio na sala
Era um incenso na sala
Olha a chama no sofá
Eu vou botar a culpa em quem
recusou-se a olhar
Ainda avisei

-Vou meditar,
se eu esquecer de voltar
faça o favor de cuidar
pra chama não se alastrar
pode mandar me chamar

Até senti um calor
Mas lembrei que é verão

Pensei

"Hoje verão toda a profundidade da minha meditação"

Peguei a brasa com a mão
Mergulhei na plenitude
Queimei a brasa com a mão

Minha causa veio ao chão
Brasa queimada é razão
Emoção queimada é carvão

O fumacê já afeta a minha percepção

Soltei a brasa
Soltaram um berro

Pensei

"Hoje verão que sou humano e erro"

Esta errado então
Pensaram ser minha função
Manter a calma
Apagar o incêndio e
queimar a brasa com a mão

Sem senso de direção

Amarrei o tempo e o espaço
Com a linha da vida dei um laço
E a chama fez um quadrado na sala
usando um compasso

Tinha um quadrado de fogo na casa
E a chama implorando
pra eu não queima-la igual a brasa

Era minha hora, eu orando
com uma vela acesa numa vasilha rasa
e a cera da vela se espalhando na casa
A morte nunca se atrasa
Nem se adianta
E assim me esperou no portão...
Jogando cinza nas plantas

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Dê-os

Nosso romance é longo demais para ser contado numa noite só
Então eu peço outra cerveja e vejo as cordas da viola darem nó

Nossa história não é de amor
Nosso sabor é menta
O tempo todo é nosso
Eu sou seu
E você é livre

Inclusive pra ser minha se quiser

Suas depressões tem minha assinatura
Sua cor é uma mistura dos meus pesadelos com água de cachoeira

Minha ressaca tem gosto de você

Toda vez que faço um plano, te escuto sussurrando em meu ouvido
-Vai dar errado...

Meu plano é perfeito
E pelo arrepio que sinto com seu sussurro tenho a certeza de que vai dar certo

Meu plano é ter você por perto

Nossa foto mais bonita é de uma paisagem, que nós não estamos

Nossos sonhos estão divididos em turnos
Você trabalha seis por um... Eu sou esse Um que nunca chega

Eu não trabalho por escala, trabalho por escolha.
Escolhi vender pedaços meus
Não rins ou córneas
Vendo pedaços como esse
Isso é um pedaço meu e vai te custar caro

O bilhete com seu telefone ainda está na minha carteira,
junto com o brinco que você perdeu o par. Não sairão de lá tão cedo.

Sobre a aliança que comprei quando terminamos...
Não era pra você
Era pra minha solidão, ela nunca me abandonaria.

Sobre os nomes que escolhemos para nossos filhos...
Dê-os aos filhotes da gata Lolla... Ah Lolla... continuo preferindo porcos!

Sobre a poesia que escrevi aquela noite na sua varanda...
Ela vai permanecer dentro de mim
Assim como os pedaço de maçã do meu vinho quente estão dentro de você

Você não tomou o vinho... mas comeu as maças


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Noitinha

Uma garota me disse
Que o futuro tem luzes
Um arco preto e alguém...
Com o mesmo nome que eu
Olhando pro outro lado

O lado que é passado
Que é superado e cansado
Onde o tempo parou
Onde o amanhã é pecado

Onde a surpresa intriga
Onde a barriga não ronca
Onde a prova dos nove
Não é a prova da conta

Nos livros lidos por ela
E alguns escritos por mim
O hoje cheira Hortelã
O amanhã cheira Alecrim

Minha roupa é da mesma cor
Minha boca do mesmo amor
E eu sou da situação
Que ninguém há de se opor

Manu curia quem vai
E não garante quem chega
O futuro numa tigela
Ovos, farinha e manteiga

Tem chocolate no futuro Manu?
-Tem muito!

E morango?
-Ô!

A que futuro perfeito
Meu peito livre de medo
Cavando terra com as mãos
Vida na ponta dos dedos

Mas até o dia tem tombo
E sem o apoio da grade
A que futuro danado
Que já me deixa saudade...

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Mal criado

Escutei
"NÃO" e
Padeci

Passou
o tempo e
agradeci

O que é meu
está aqui

O que não é,
entendo, nunca possui

Mas chorarei se perder
São ossos de quem tentou
Quem não tentou também é ossos
Então tente! Por amor...

Por favor não!
Nasci livre

 -Viva o Livrador!

Pra por pingo nos "i's"
Com grafite ou com gotas de licor

Saboreie as respostas que lhe são dadas
caso contrário suas perguntas hão de ser saboreadas

Temos paladar nos dedos
Nos olhos há audição
Não falo de onomatopeias
falo de ideias com visão

Separo a vida em
o que está acontecendo e o que não está

Ai deixo o tempo passar
pra que eu possa controlar
as coisas que mudam e as que continuam no lugar

Esse é meu poder
Palavriar os acontecimentos,
criar palavras incriáveis para os sentimentos.

Dicionários me odeiam
É recíproco e dobrado
Porque, ao contrário deles,
crio pra me manter atualizado

-Eles não criam!

Eu não legislo
Mas se fizesse
legislava a condição

De que pra odiar
Tinha que libertar a criação

Quem cria não odeia
Quem cria cria e ponto.
Quem cria é incrível!
Quem odeia está tonto...

Giro o mundo pro outro lado
Só pra voltar a ser verão
Não para destontear
 Quem usa mal a criação




Abelha

E diferente das garotas que gostam de flores
ela prefere árvores

Tem mares pra navegar
Estórias pra escrever
Histórias pra contar

Já foi LUA
e viu que
ESTRELAS mudam de lugar

Já foi Estrela
E viu
o SOL ir descansar

Já foi SOL
Ai aprendeu que
não é seu brilho que faz a LUA inspirar

Já foi POESIA
onde LUA, ESTRELAS E SOL
se encontram pra dançar

Ao som de notas
gasta solas
Ora, tente lhe explicar
De que existiriam solas
Se não fossem pra gastar?

E ela gasta,
um par, dois, três pares
quantos for!
É quando nota
que a nona musical é o amor

Doce e Delicada
como bala de canhão

Em utopias onde tudo o que ela toca vem ao chão

Mas...
Hoje não!

Hoje é abelha
colo materno
e vida

Numa terra onde o MEL
cicatriza nossas feridas

Ela é rainha antes de abelha

É sono, cobertor e som de chuva na telha...


Bom papo

Chega de falar de mim e vamos falar sobre eu!

§3

FIQUE SÃO!

§2

P _ O _ _ E M A

sábado, 16 de agosto de 2014

Fenda

Dramáticas regras gramaticais
Não entenderam que amo ela
E colocaram uma tarja preta
Na minha faixa amarela
A pendurei, com cordas de violão
O que violou a canção,
como quando cantei sem razão
E daí? Era paixão
E isso é igual hiato
Acha que pode esconder?

Não!

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Por ato

Primeiro ato...

A Rainha abre a porta
Era uma vez qualquer história
Fim do sono de beleza,
que vem à mesa.
Certeza ilusória

Batuque com miocárdio
Infarto com percussão
Ela triste
Ele insiste
Ela resiste e diz que não

Ela não vê o amor patético,
só está mal instruída.
Rita Lee é um livro,
de uma poesia
e que não devia ser lida

Ela leu pra ostentar
a liberdade que não tem,
agora chora,
Ora quer alguém pra amar
e não tem ninguém...

-Finge que tem!

Ele tem o mundo no coração...
E o coração em um retrato
de seu vô e seu irmão

"Devia ser Dois Mil e Quatro"

Linda voltemos ao fatos
Aos sapatos da Rainha que,
em silêncio,
invadiram o quarto da princesinha
Ai um susto
Uma linha
um Príncipe robusto e
um jornal

aberto na página que tratava sobre Terapia de Casal

O Príncipe chora,
ela quer ir embora
(Mesmo estando em "seu" Castelo)

Ela alega ser Natasha
Não com "Chis" de Bruxa ou
com "Cêagá" de bolacha

Natasha

A linha racha o quarto ao meio
Dividindo as coisas dela
Ele vai ficar com tudo
Ela vai ficar com a janela
Vai saltar...

Faz a platéia delirar
E o espetáculo revive...

E os espectadores entenderam
A vida é salto em queda livre...

O segundo ato, vem após seu salto!

...salte...

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Jorra límpida, sacia.

"Ela encontrará a porta pra vigésima quinta hora,
no fim da última linha onde a rainha vigora"
Seu cachorro aprende
Um balde rende
Enfim ela entende
Que ele é igual ao que ela julgou ser diferente.

Paciente para tê-la
De enfermeira quem o dera
Ou de poetisa, professora de outra matéria.

Ele espera
Ela impera
Ele escreve
Ela altera

Ele é Inverno e Verão
Ela é Outono e Primavera

Alternam
Para o bem da humanidade
E deixam migalhas 
No caminho da felicidade
Pausa pra ela

     -Kush
      A faz feliz
      Ri do que ele diz
      Ignora a prosa, pensa e
      Na mesma hora volta curiosa
      Agora pausa pra ele

[...]

Não que ele seja um bobo contente
Mas também não que não seja
É que pra ele o tempo passa diferente
Veja...

Tempo é letra
Já que dele jorra o que a sacia
Ela teme morrer de sede se ele parar um dia

Ele promete
Ela-finge que- acredita e continua

Ele escreve pro Astro Rei
Ela é intérprete da Lua 

Flertam a cada farpa trocada

Ele é "padê burrê"
Ela é rima improvisada

Pra encerrar o conto
Conto uma que começa agora
   "A Rainha abre a porta, era uma vez qualquer história..."

[To be continued...]

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Um sinal pra rima toda

Sou poesia escrita no verso da conta pelo talento
de quem não quis pagar os 10%

Sou o lamento, o pranto

O aquecimento e o canto da torcida do Flamengo
quando o Vasco está ganhando.

Não cochila não!
Sou o cochilo de cinco minutos que te faz perder a condução.

Não tema não

Eu acredito que o lugar mais perigoso do mundo seja o vão entre o trem e a plataforma.

PS: Quando eu superar falo mais sobre isso

Ego Ativista

Não li nenhum livro até o final
Faço questão de não ler

Até escutei o final, das minhas canções favoritas

escutei mas não concordei,
e as reescrevi mais bonitas.

Que me agrade a arte minha
meu espírito se presenteia
e desperta o poeta
que dorme na minha veia

Sou chato por ser, mas nem sempre sou eu mesmo.

Pretérito Perfeito

Ela riu de tanto chorar

Colocando no balanço

Pra cada dúvida inteira é uma certeza meia.

É gritante.

É gritante.
O contato com a instituição financeira, limitando o sentido das palavras, é cada vez mais rápido e simples... a não ser que você queira fechar sua conta.

Sou livre para ir até onde minhas algemas permitem

Máxima Primeira

Você não recebe pelo seu trabalho o quanto ele realmente vale, e nem paga o quanto tudo que compras realmente custa.
Não que sejam problemas. São interesses.
Mas observar outras questões rotineiras a partir dessa perspectiva evitaria grande parte dos conflitos sociais.

(Já escrevo essa tendo-a superado)


segunda-feira, 28 de julho de 2014

Tabela

Pro vício dos dados
sou fornecedor
forneci a dor

Financiador de descaso
finda o prazo
sobem juros

Até deu um caldo

então quem trouxe prato raso
vai passar apuros

Lançamentos futuros
pra atacantes pesados

Que até suam a camisa
mais ainda jogam parados

Pardos por nomenclatura
a essa altura um gol é
garantia de mistura

quarta-feira, 16 de julho de 2014

O vulto é um insulto a estagnância que me encontro

Alpinista de Ladeira

Ele não queria usar crachá
era diferente
preferia contar
do que deixar aparente

Era vivente

Ciente que tudo há-de passar
Fez entender

Que o tempo não vai matar
Quem não deixar o tempo morrer

Não queria usar crachá
pois tem identidade

Sabe que é de verdade
E que na realidade
tudo há-de se diluir

Fez-se rocha pra correnteza não o carregar

Fez-se água-mole e bateu até ver a rocha chorar

Secou mares
Inundou olhares pelos seus
Foi Cruzada ao ver ateus
implorarem pelo amor de Deus

Foi o bêbado e o equilibrista

... Não capotou...

Captou o que a TV não veicula

Viu Dom Pedro borrado gritando em cima da mula

[Pausa dramática]

Não tem ego de balão
que estoura se envaidece
Tem terra e na sua terra
Tudo que  planta, cresce

Lá floresce e apodrece com naturalidade
O que é normal pra quem sempre buscou contato de verdade

Sua idade não mentiu
Sua existência existiu

Não se pergunta
"Porquê eu?"
Por que a vida o respondeu,
quando não o respondeu

[Pausa dramática]

Morou em becos
Sobreviveu com sobras da cidade
Fez das batidas do seu coração
Ecos de eternidade

Criou os filhos da música
livres para crescer
Botou Catira e Jongo
no mainstream da MPB

Tocou Raul pra lua em noites de fino trato

Tocou Cazuza na borda de piscinas cheias de ratos

Foi ouvinte de monólogos de surdos em serenata
E viu sapos na garganta
se enforcarem
em nós de gravata...

Não atazana

Viro pro canto e tento
Vira tormento
E eu que sempre fui rabugento
Fico dócil,

Entenda

"Ócio Criativo"
É pro mercado

Eu sou de feira
paciência
E ainda sexta
por preferência

Sobre saudade... A minha

Ela ainda habita
     Cada palavra escrita
              e pensada

      Cada palavra é cada
Saudade é todas...


terça-feira, 15 de julho de 2014

Sobre eles...

Ele tem meia dúzia de poesias

Ela tem um helicóptero inteiro

Ele dificilmente toca o chão,
flutua em poesias...

Ela tem um plano de vôo

Ele tem um plano
cheio de aclives e declives,
cheio de curvas

O plano dele, é ela

Ela é tempo integral em todos os lugares

Ele é meio período em lugar nenhum

Ela é Hot

Ele se esforça pra não ser Dog

Ela o tem quando quiser

Ele não a tem,
nem se quisesse

Ela é madura

Ele é palmeirense,
verde

Outros casais escutam "Eduardo e Mônica"

Eles não, eles reescrevem Eduardo e Mônica,
com tinta numa pena, seus nomes no título, dados e lingerie...

E depois de disso...

AH! Depois disso...

Ela é pirata, sonhando em tê-lo, pra sempre
como seu, só seu,
tesouro...

Sem mais...

O Valentão perdeu a pose, e olha que ainda era Quinta-feira 12...

Ainda que só em poesias...

Em poesias ainda te faço, ainda te tenho
ainda que só em poesias,
mantenho
minha chama acesa

Ai de mim se perdoar,
mereço sofrer

Então afaga, alaga minha pupila
Honra meu filo, com sua fala
pra ser seu furei a fila...

...perdi a vez...

Mas sou calmo

Ela é Camomila

E juntos seremos reis...

§1

TAQUE-SE

Se sou, seremos...

Sou livre
me deixe
e não se queixe
se eu te deixar

Se eu me queixar
me beije

Se eu lhe beijar
me feixe... Em seu mundo, mas linda lá no fundo...

                        É na sua certeza que me confundo...

E viro meu mundo
de ponta-cabeça-pra-baixo

É confuso mas acho legal

Escrevo certo com caderno torto, é que meu lápis é canhoto...

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Espaço Especial

Galáxias nas digitais
Estrelas no olhar
Planetas entre palavras e
gravidade lunar

Lixo espacial entre seus traços
Dragões repousam em seus braços
E São Jorge vira Sherlock
só pra seguir seus passos

Pari estrelas cadentes
ascendentes em Sagitário
É romance recorrente
de flerte interplanetário

Os diamantes de Plutão
querem ser seu baby doll
Pra escutar a Cássia Eller
cantando o Segundo Sol

Seus ditados são de poesias
escritas pra Lua
Perdida na imensidão
de onde o homem se situa

Se essa rua fosse minha
eu enchia de cometas
Pra que nunca mais alguém daqui
durma na sarjeta

Ela é Vênus arde
é Marte em combustão
nossos filhos serão astros
nossa família constelação

Meteorito em brasa
arrasa um Satélite redentor
E motiva o astronauta
olhar pro céu buscando amor

Varre poeira cósmica
com vassouras de piaçava
E se tornou o recomeço
quando o mundo acabava

Sentou-se na estratosfera
pra tirar o seus All Star
e sussurrou pro meu universo
"Hoje eu só quero amar..."