quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Hora são

Tem pele na agulha da sua bala
Tem incêndio na sala
Era um incenso na sala
Olha a chama no sofá
Eu vou botar a culpa em quem
recusou-se a olhar
Ainda avisei

-Vou meditar,
se eu esquecer de voltar
faça o favor de cuidar
pra chama não se alastrar
pode mandar me chamar

Até senti um calor
Mas lembrei que é verão

Pensei

"Hoje verão toda a profundidade da minha meditação"

Peguei a brasa com a mão
Mergulhei na plenitude
Queimei a brasa com a mão

Minha causa veio ao chão
Brasa queimada é razão
Emoção queimada é carvão

O fumacê já afeta a minha percepção

Soltei a brasa
Soltaram um berro

Pensei

"Hoje verão que sou humano e erro"

Esta errado então
Pensaram ser minha função
Manter a calma
Apagar o incêndio e
queimar a brasa com a mão

Sem senso de direção

Amarrei o tempo e o espaço
Com a linha da vida dei um laço
E a chama fez um quadrado na sala
usando um compasso

Tinha um quadrado de fogo na casa
E a chama implorando
pra eu não queima-la igual a brasa

Era minha hora, eu orando
com uma vela acesa numa vasilha rasa
e a cera da vela se espalhando na casa
A morte nunca se atrasa
Nem se adianta
E assim me esperou no portão...
Jogando cinza nas plantas

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