segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Ladrona de Ladainha

Não, não, não...
Não, eu nunca falei o nome de outra garota ao pé do seu ouvido
Duvido que se falasse o perdão fosse concedido
Sem arrependimento, foi o calor do momento
E dizem que quarenta graus é suficiente pra aquela mocinha ali
Tirar toda sua roupa e passar aqui desfilando e, coincidentemente
Parar, graciosamente, bem onde eu já estava olhando

Pensou que eu estava dormindo?

O jeito que ela toca com a boca, a boca da lata
Por coisa pouca não mata minha chata curiosidade
Se eu escrevo até mais tarde e ela arde na madrugada
E se por coincidência ela ardesse na minha casa, na nossa casa...

Já chega, seu colo cala meu pranto e se canto é pra ti cantar
No entanto já não me espanto se manco ao tentar dançar
Seu passo é dois pra cá, meu passo é dois pra lá
E por capricho do destino, onde o menino foi pisar?
No calo de teu trabalho que lustra atalho pra voo
Essa atmosfera densa condensa o condensador
Meu verbo é condicionador
Dá condição ao teu cacho
Onde agarro, sou cabra macho
Mas me preocupa teu tchau
Finjo não estar legal
Mentira vira argumento
Você fica mais um momento
Fingindo cair na minha

domingo, 30 de agosto de 2015

Se lembro, Setembro, Trabalho

Plenamente assustado
É que se eu arco com um fardo
Que jamais arcaria
C'um mês de trabalho árduo
Transformo esse cargo
Em mera porcaria

Se houver destaque ela volta
Essa meretriz que me escolta
Não desfoca meu logo
Solta que a rota me segue
E só vai vencer quem consegue
Ter disciplina no jogo

Já que a ganância é um fada
Quem vem com status de Prada
E uma adaga na beca
Cada palavra ainda é cada
E ter carteira assinada
Não faz parte da minha meta

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Amor Cardiovascular

Nossa única regra era não ter regras
Mas eu infringi essa regra
E pelo que você alega quando a gente briga
Todo aquele frio na barriga
Virou frieza no olhar
Desculpe, mas eu não posso te enganar
Você já foi minha prioridade
Hoje, é uma parte
E quando você parte
Toda aquela saudade
Já não faz questão de me visitar
Quando fecho os olhos te escuto xingar
Não que eu seja inocente
Mas no auge das minhas desculpas
Toda a nossa culpa
Esfriou o amor entre a gente
Não que eu seja indecente
Mas só seu teu corpo caliente
Consegue nos reanimar
Amor Cardiovascular
Meu prato preferido ainda é uma bandeija prata
Com você, toda gata, me chamando pra ir deitar
Eu nunca fui tão cachorro
Não cacei sarna pra me coçar
Eu só escrevi minha prosa
Igual um Pit Bull com uma rosa
Querendo te namorar

Arte AUDIOCLAN/Fabiano Tubaína
Capa do Disco "MINHA CULPA" de 2013

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Ponto Cruz

Dobrei sua língua cumprida
Com as unhas marquei a dobra
Pra dar sentido a minha obra
Em teu corpo desabafei
Teus ouros me fazem rei
Fui perdão que clamei no púlpito
Teu beijo me faz só súdito
E o que sou já não sei
Descaso com a tua peixeira
Que afina a nota terceira
Pro doce cantar tristonho
De um Sabiá Laranjeira
Que salva a sede na seva
Revesa a vez na tocaia
Quer rede e areia da praia
Deixe-me ir à Gandaia
Disse Pasárgada
Meu verso insiste cantar
Teu copo insiste brindar
No entanto nosso brinde ao meu canto
Só o faz cair e quebrar
Peça perdão...
Veja que pode juntar
É o som quadrado
Que sai de um redondilha
Seu verbo nu é minha ilha
Sua ilha nua é meu lar

Tem coisa que nem o amor pode explicar

Aliás,
Volte dois passos
Ponto Cruz
Dois passos, ponto
Retome o ar que meu conto
Vai terminar de contar

Seu abajur é minha salvação nas noites que não tem energia
Porque é com ele que eu danço
E é com ele que eu canso
Ele me dá o que você não daria
Uma madrugada inteira de alegria
Sejamos francos
Seus passos de dança são mancos
E quando tenho certeza que chegaremos lá
Você me escapa pelos flancos

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Gravei!

O "Eu te amo" matinal que eu te disse você até indaga
Mas a tattoo na sua pele do meu poema você não apaga!

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Pornofonia

Um tapa na bunda do pandeiro, um beijo na boca da gaita...
E meus dedos fazendo fricção na cuíca
Cuidado, essa música é polêmica
O que toco no piano é massagem
A nota C no meu caderno é coragem
Meu cavaco pede cafuné
Sopro provocações no ouvido da flauta
E o som do orgasmo dela é a nota mais alta
Brinquedinho é nosso xilofone
Sua nota Fá nunca me fá...ria menos homem
Vim ver o seu trompete dar RÉ
E paga... a dívida de outra mulher!
Explico o formato do meu violão
Encaixar perfeitamente na sua coxa quente
e sentir o frio da sua mão
Do meu lápis saem suas redondilhas
E quando o grave falhar
Nascerão nossas filhas... 
Mi e Fá...

domingo, 16 de agosto de 2015

Perdi as contas

Hoje enterrei uma pá no passado
Cavei pro lado errado
Encontrei fósseis de períodos dóceis
Fiquei perturbado

Hoje criei o oitavo pecado,
pela nona vez.
Mas assumo pra vocês
que talvez esteja contando errado

Se desce um, vem quatro, vai quatro
A regra é simples
Ela nos faz tristes
E o jogo é jogado

sábado, 15 de agosto de 2015

Chá Comigo

Ela é borro de batom na minha Taça Tulipa
Pro Zé ela é Kryptônia. Pro Clark, Criptonita
E se o assunto for chá, eu posso apostar, ela é o de fita

Eu sou o borro de batom no batom da boca dela
A cacofonia fervente num chá quente de canela...

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Eu vinho pra ficar...

Pelo pecado de verbo
Pronunciado sem tato
Herdo sentado um teto
E um amor mal amado

Crivo na pele uma prosa
Para que possa provar
O doce do suco da boca
É que me vai saciar

Sede de água do mar
Cedo para despedida
Sedo pra ver o grasnar
Da minha ave querida

Uma luz vermelha que gira
Pouco telhado, um cometa
Neologia aspirada
Inspirada de uma caneta

Estou virado de ontem
Contem quatro madrugadas
E só verão que contém
Verão e poucas geadas

E por poucas namoradas
Virei um mero detalhe
Uma folha branca pra afagos
Mas fadas podem ler braile

Furo na guela pra que ela respire
Traqueostomia
Cravina tapa a marca
Marca que eu não taparia

Minha vida é marca e vinco
Afinco na declaração
Vou descompondo um poema
Entre vinho, queijo e pão

domingo, 9 de agosto de 2015

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Crédito Clínico

Acumular dinheiro vai ser nosso ponto certo
Para que tenhamos caixas de problemas com afeto
Amor, e só amor, vai ser o clichê de cada ato
Veremos a carência ofuscando o porcelanato

Olhe nos meus olhos e diga o que está engasgado
Só pra perder pra sempre a chance de ter ao seu lado
O afago mais alheio, o "Eu te amo" mais genérico
E de ver acordar contigo o Alerta de Risco Bélico

Meu peito clama livre arbítrio, nessa trama grana é grade
Mas pra te deitar em Bali hei de abster da liberdade
Te apresento aos meus sonhos, pra frente, prosperidade
Até o olhar retroativo jamais sentirá saudade

E na verdade o que me faz crer que essa filantropia
Causa azia e só pode ser um gás tóxico
São os próprios Doutores da Alegria 
Que só surgem após o diagnóstico

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Dez por cento

Noventa porcento dessa bosta é porcaria
Tem quem goste, dependendo da proposta eu leria
E pra sua alegria, faria o que fosse preciso
Legislaria capítulo, artigo, parágrafo e inciso

Reviso a concordância
Plena adequação me causa ânsia
E volto à esquina da infância
Onde o beijo da menina, não serotonina, era a substância

Voltando um mês atrás
Meu relógio pede mais
Mas o vergo na minha pele
Transforma mademoiselle em capataz

Refugo dos meus carmas ancestrais
Tatuados em meus pesadelos
Onde eu ancore e não possa ver o cais
Orgasmo é só um souvenir da paz