quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Ponto Cruz

Dobrei sua língua cumprida
Com as unhas marquei a dobra
Pra dar sentido a minha obra
Em teu corpo desabafei
Teus ouros me fazem rei
Fui perdão que clamei no púlpito
Teu beijo me faz só súdito
E o que sou já não sei
Descaso com a tua peixeira
Que afina a nota terceira
Pro doce cantar tristonho
De um Sabiá Laranjeira
Que salva a sede na seva
Revesa a vez na tocaia
Quer rede e areia da praia
Deixe-me ir à Gandaia
Disse Pasárgada
Meu verso insiste cantar
Teu copo insiste brindar
No entanto nosso brinde ao meu canto
Só o faz cair e quebrar
Peça perdão...
Veja que pode juntar
É o som quadrado
Que sai de um redondilha
Seu verbo nu é minha ilha
Sua ilha nua é meu lar

Tem coisa que nem o amor pode explicar

Aliás,
Volte dois passos
Ponto Cruz
Dois passos, ponto
Retome o ar que meu conto
Vai terminar de contar

Seu abajur é minha salvação nas noites que não tem energia
Porque é com ele que eu danço
E é com ele que eu canso
Ele me dá o que você não daria
Uma madrugada inteira de alegria
Sejamos francos
Seus passos de dança são mancos
E quando tenho certeza que chegaremos lá
Você me escapa pelos flancos

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