segunda-feira, 28 de julho de 2014

Tabela

Pro vício dos dados
sou fornecedor
forneci a dor

Financiador de descaso
finda o prazo
sobem juros

Até deu um caldo

então quem trouxe prato raso
vai passar apuros

Lançamentos futuros
pra atacantes pesados

Que até suam a camisa
mais ainda jogam parados

Pardos por nomenclatura
a essa altura um gol é
garantia de mistura

quarta-feira, 16 de julho de 2014

O vulto é um insulto a estagnância que me encontro

Alpinista de Ladeira

Ele não queria usar crachá
era diferente
preferia contar
do que deixar aparente

Era vivente

Ciente que tudo há-de passar
Fez entender

Que o tempo não vai matar
Quem não deixar o tempo morrer

Não queria usar crachá
pois tem identidade

Sabe que é de verdade
E que na realidade
tudo há-de se diluir

Fez-se rocha pra correnteza não o carregar

Fez-se água-mole e bateu até ver a rocha chorar

Secou mares
Inundou olhares pelos seus
Foi Cruzada ao ver ateus
implorarem pelo amor de Deus

Foi o bêbado e o equilibrista

... Não capotou...

Captou o que a TV não veicula

Viu Dom Pedro borrado gritando em cima da mula

[Pausa dramática]

Não tem ego de balão
que estoura se envaidece
Tem terra e na sua terra
Tudo que  planta, cresce

Lá floresce e apodrece com naturalidade
O que é normal pra quem sempre buscou contato de verdade

Sua idade não mentiu
Sua existência existiu

Não se pergunta
"Porquê eu?"
Por que a vida o respondeu,
quando não o respondeu

[Pausa dramática]

Morou em becos
Sobreviveu com sobras da cidade
Fez das batidas do seu coração
Ecos de eternidade

Criou os filhos da música
livres para crescer
Botou Catira e Jongo
no mainstream da MPB

Tocou Raul pra lua em noites de fino trato

Tocou Cazuza na borda de piscinas cheias de ratos

Foi ouvinte de monólogos de surdos em serenata
E viu sapos na garganta
se enforcarem
em nós de gravata...

Não atazana

Viro pro canto e tento
Vira tormento
E eu que sempre fui rabugento
Fico dócil,

Entenda

"Ócio Criativo"
É pro mercado

Eu sou de feira
paciência
E ainda sexta
por preferência

Sobre saudade... A minha

Ela ainda habita
     Cada palavra escrita
              e pensada

      Cada palavra é cada
Saudade é todas...


terça-feira, 15 de julho de 2014

Sobre eles...

Ele tem meia dúzia de poesias

Ela tem um helicóptero inteiro

Ele dificilmente toca o chão,
flutua em poesias...

Ela tem um plano de vôo

Ele tem um plano
cheio de aclives e declives,
cheio de curvas

O plano dele, é ela

Ela é tempo integral em todos os lugares

Ele é meio período em lugar nenhum

Ela é Hot

Ele se esforça pra não ser Dog

Ela o tem quando quiser

Ele não a tem,
nem se quisesse

Ela é madura

Ele é palmeirense,
verde

Outros casais escutam "Eduardo e Mônica"

Eles não, eles reescrevem Eduardo e Mônica,
com tinta numa pena, seus nomes no título, dados e lingerie...

E depois de disso...

AH! Depois disso...

Ela é pirata, sonhando em tê-lo, pra sempre
como seu, só seu,
tesouro...

Sem mais...

O Valentão perdeu a pose, e olha que ainda era Quinta-feira 12...

Ainda que só em poesias...

Em poesias ainda te faço, ainda te tenho
ainda que só em poesias,
mantenho
minha chama acesa

Ai de mim se perdoar,
mereço sofrer

Então afaga, alaga minha pupila
Honra meu filo, com sua fala
pra ser seu furei a fila...

...perdi a vez...

Mas sou calmo

Ela é Camomila

E juntos seremos reis...

§1

TAQUE-SE

Se sou, seremos...

Sou livre
me deixe
e não se queixe
se eu te deixar

Se eu me queixar
me beije

Se eu lhe beijar
me feixe... Em seu mundo, mas linda lá no fundo...

                        É na sua certeza que me confundo...

E viro meu mundo
de ponta-cabeça-pra-baixo

É confuso mas acho legal

Escrevo certo com caderno torto, é que meu lápis é canhoto...