quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

De um papo cabeça, com um cara com sobrenome suspeito.

Com todo o respeito
Tenho que reparar mais no meu jeito
E discernir minhas qualidades
desses meus defeitos
Pra todos os efeitos
É questão de proveito
No meu bolo gosto que
separe massa de confeito

Na hora que me deito
reflito o que é direito
A riqueza do leito
ou a que trago no meu peito

Conheci um sujeito
que tinha um sobrenome bem suspeito
Mas sua insanidade ganhou meu respeito
-O Rei dos reis não é eleito
Me disse ele com ar de satisfeito
Complementou dizendo 
que seu pai não é prefeito
Refiz o meu conceito

Cristo era o sobrenome,
ele disse que cruzara estreitos
Me emprestou metáforas, delas deleito
Ai segurou minha mão
E disse com o coração
Que eu era a restauração
Que ele queria ter feito

Disponível em 29/01/2015. 22h03
Finanças Pessoais

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Migalhas aos pardais

Despejo no jardim
as migalhas de pão que caem
na toalha de mesa do café da manhã
minha mãe não gosta
os pardais sim.

Ah Andréia Hungria
um dia ainda as despejarei
no chão da cozinha...

Disponível em 27/01/2015. 22h28
Vale das Palavras

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Simbióse

Esta é a poesia
Que rapei da panela

Lavei com a bucha da pia
Pendurei na janela

Tratei sua anemia
Com canja e canela

Esperei a melhoria
E entreguei-lhe uma flanela

Pra que polisse meu dia
Com a energia dela

Disponível em 26/01/2015. 23h32
CFB

domingo, 25 de janeiro de 2015

Água em vinho

E se essa alegoria toda não findasse em cinzas
Ou se a Fênix brotasse, e eu falasse em línguas
Todo convite que me leva a casa da criação
Lapida a peça que está nessa pela restauração

E se o milagre da minha fé por mim não fosse quisto
Vim pra afirmar Maomé, assim como Cristo
Todo calor gera força, amor é calor, e milagre é
O que transforma água e vinho, e vinho em vinagre

Me emocionei quando tocou o hino que imaginei no trajeto
Senti a força que sopra vida na face de um feto
Sentei mais perto meu peito dançava a celebração
Criacionismo e Evolucionismo em comunhão...

Disponível em 25/01/2015. 23h19
Ficções Humanas

sábado, 24 de janeiro de 2015

Quando as letras me escrevem

Mas a mágica acontece mesmo,
quando as letras me escrevem

Desempregado? Nunca!
Estou impregnado na antena da tua nuca
Ela capta o que teu lindo olhar ignora
É energia, onda sonora

Mas essa, de fato, é tão alta que
Tuas lindas orelhas imploram pra não ouvir
Quando tua antena capta
teus lábios me suplicam para não proferir

A vidência é um dom, e antes da tua antena, ela é um som

É evidência, tua alma é marrom,
uma mistura de terra
casca de árvore
e bombom

Essa cor menina, capta
Pra esse amor menina? apta
É que o mundo é história trágica
Captou querida? É mágica!

Disponível em 24/01/2015. 21h28
C2 Lado B

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Linha d'água que saiu do meu filtro

Há mais chuva do que lágrimas em meu jardim,
só que em mim
Há um filtro de barro
que separa o que vivo do que narro e bota fim

E nos finais traço sete linhas iguais,
todas com nomes siderais
A minha mão tem só três linhas
mas me alegraria se tivesse mais

Uma Linha do Ão
para que eu cante igual Martinho
Uma linha de chegada
para que eu corra igual Nelsinho

Uma linha como a do Equador
para que eu rode o mundo inteiro
Uma linha de gol sempre aos meus pés,
para que até nos dias de revés, me sagre artilheiro

Disponível em 23/01/2015. 15h46
Pragmatismo

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Sussurrando um suicídio para uma TV desligada

Desliguei a TV e apaguei a luz do banheiro às oito
Mas só dormi depois das duas...

Seis horas tramando meu suicídio
Deu certo, e no outro dia
Acordei bem mais vivo

Meu tempo é progressivo
Meu passatempo é regressivo,
talvez se não fosse
Salvasse vidas
Como a transposição do São Francisco

Decorei pronomes e substantivos
Mas consulto uma lista
Quando preciso usar adjetivos

Tenho dois polos positivos

E um espelho que não reflete o que penso
Mas que cataliza ideias
E que satiriza as rimas que condenso

[Pausa]

No gigantismo das palavras que cercam meu ego
Encontro inspirações para reclamar perdões
em cada uma das cruzes que carrego

[Pausa Dramática}

"Parte de mim"

Disponível em 22/01/2014. 23h39
Fábio

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A rotina de minhas toalhas

No matutino,
penduro no varal as toalhas
com que sequei minhas lágrimas noturnas,
até que,
enquanto vivo minha dívida diurna,
a chuva vespertina
ensopa minhas toalhas.

Disponível em 21/01/2015. 18h00
Meteoropole


domingo, 18 de janeiro de 2015

Meu peito é um tapate

"Vinum intra, subsidant mella, superstet oliva"
"Vinho do meio, mel de baixo, azeite de cima"

Meu peito é um tapete
Para quem se atreva pisar
Só peço que desajeite
Não deixe-o como está

Se quiser deitar, que deite
deleite, podes valsar
Meu peito é um tapete
Não deixe-o como está

Manche-o e faça de enfeite
Decoro, adorno ao teu lar
Afinal se é tapete
Respeite, é pra amarfanhar

O que meu peito propor, aceite
Rejeite se ele enrolar
E assim como bom azeite
O de cima é o bom de provar

Do meio, prove do vinho
De baixo, o puro mel
Meu peito é um tapete
de coro de cascavel

Meu bote é teu arrepio
Certeiro, fino e letal
Onde o sapato de cristal
Que se perdeu não cobriu

Onde teu pé está agora?
Mordida minha retalha
É o frio do fio da navalha
No calcanhar de Natália

Mas meu veneno é agridoce
Meu peito é uma ilha
Há quem enxergue tapete
Há quem caia na armadilha

Disponível em 18/01/2015. 23h41
Dreamstime

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Sobre o que quero escrever

Escrever somente
Sobre o que quero escrever
Entende?

Por querer não ser igual, não
Por não querer ser dependente

A gente é o que a gente sente

E nessa Poesiscola
Por hora sou repetente

Pra ler tudo novamente

As Minguantes
E os Poentes

Cada linha
Cada lente

Cada língua
Cada dente

Cada gotinha de Março
Cada Fevereiro quente




*Notas sobre como fugir da temática. Poesia Livre. Ponto Parágrafo

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Parcialmente sem nome

Com vontade de
Sabe quando dá vontade de
Hoje sei, não hesitei
Assim que acordei, parti

Era minha chance e
não haveria outra se 
desperdiçasse talvez eu
morresse em mim

Ignorei hipóteses
Pra sonhos amputados
não há próteses
Sabe os melhores? Então
os meus são desses e

Decidi ir 
Me ligaram
Mas não atendi
Perguntaram se mudei
Respondi. É claro e

Moro, hoje, do meu lado que 
vê sempre coisas boas
Nas palavras, nas paredes
nas pontes e nas pessoas

Desligaram sem 
nem ter entendido
Me lembrei que eu
nem havia atendido

Deu minha hora,
meu minuto e meu motivo
Seu "tchau" 
vai ficar guardado aqui comigo

Mas vou deixá-lo com
meu próximo adeus
Pra que nosso filhos
Emprestem seus nomes à museus

E nossos nomes hão de ser
Nomes de canções que 
irei escrever com a cor da
aura que cerca você

Meu azul-índigo
no seu marrom-glacé
Faltam cinco semanas
pra nascer


Disponível em 15/01/2015, 01h31
Saraisha

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Da série Póstumas

[...]

Busquei ajuda médica
-Preciso rimar da forma correta
O diagnóstico foi claro
Fadado a ser poeta

[...]

Hoje vivo meus últimos dias
Após anos versando a vida cruel
Respiro por aparelhos
Meu lápis e um papel

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Redentor - Linhas de uma viagem ao Rio

Russo e Hendrix
Num som em tom pastel
Tocado aos pés do Papai do Céu
Falando sobre os pés dela
-Que transformam tudo em passarela

     É ela, sou eu
     É erro
     É eu e ela
     É Romeu na história da Cinderela

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Por falta de lápis

Jorrava inspiração pra escrever essa poesia
Mas ela levou meu lápis quando esqueceu a presilha
Meu lápis que tanto fala dela, hoje bacharela. Autêntico
Deixe que os atores xeroquem novela

Frases para que as fotos possam fazer todo sentido
É repetitivo como os amores que ela tem vivido
Tudo já passou, eu aqui, ele ali, elas lá
Sou tirinha, ele filme e irá rebobinar

Para a próxima que assistir, eu pra próxima que olhar
Entender, perceber, subverter e não aceitar
Que está na cara que são quatro gatos só na sala
Se um só olha pro outro ele é o louco que levanta e fala

-Somos quatro gatos nesses meios que prometem fins
Ou sejamos unidade ou seremos tamborins

Um dos gatos olha, outro molha o bigode no leite-em-pó
Pensa "Convencido, tem vontade, eu tenho dó"

Um é solo, um é coro, um é perfeita harmonia
Um é traço, um é ponto, um pingo e um é linha
Um é corte e o que fala não tem sorte no amor e nem no jogo
E a qualidade de guia um dia o fez demagogo

Mas como Sólon e Demóstenes, condutor como cobre
Pra industria elétrica fica métrica e recobre
O traçado, raio que acerta o gelo em pleno ar
Mas, por falta de caneta, essa história não irei contar

Agora volto aos felinos, aos meninos e as galinhas
Citados anteriormente pra quem leu nas entrelinhas
Pra quem se perdeu, já perdeu, não adianta voltar
As palavras escritas antes já habitam outro lugar

domingo, 11 de janeiro de 2015

Escrevo torto

Em linhas retas
E
 s
  c
   r
    e
     v
      o

     T
    o
   r
  t
 o

Deixo a caneta
fazer parte do corpo

Fazer arte no conforto
da paz que não infringem
de uma folha moça
de uma moça virgem

L I N H A S   NÃO   SÃO   GRADES

Não fingem igualdade
Não põe pontos finais
após frases de liberdade
ou aspas cercando a fidelidade

sábado, 10 de janeiro de 2015

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Nota de rodapé bíblica

Certo dia escutei boatos/ sobre três senhores magos/ que procuravam um recém nascido magro/ em quinze de Novembro de 94/ perto das bandas de Santana de Parnaíba/ mas só um encontrou o garoto e lhe entregou um pote de Mirra/ com espinhos suficientes pra fazer uma coroa/ e o menino a esperar o ouro pra ficar na boa e incenso pra ficar de boa.

Baltasar e Belchior um era ruim de viola o outro pior/ sonhando ser Cesar Menotti & Xororó/ compuseram uma canção/ que já começava no refrão/ beberam todas subiram no palco/ e cantaram aquela ridícula canção que dizia/ "Desce mais uma que tem muito sangue no meu álcool" 

O garoto era uma peste/ mas lembrou de Domus mea domus orations est/ não vendeu milhões de livros e discos/ pra não correr o risco/ de entrar pro covil de ladrões/ que disse Cristo ao entrar no templo/ mas o menino nunca foi exemplo/ cutucava cutucava e derrubava argumentos.

Interpretando Renan e Coríntio/ separou milagre de fissura/ é que ele entende essa altura/ repentinamente na verdade/ que as vezes a vontade de Deus parece ser loucura.

Entendia Deus por ser membro do Bando de Loucos/ talvez fosse líder negativo/ agora falo de Corinthians/ louco nas vontades com domínio e habilidade/ pra cruzar palavras e cidades/ foi turista entre Bagdá e o Vaticano/ por trezentos e sessenta e cinco dias e um ano/ viu rascunharem a capa de um best seller em um pano/ com a marca do rosto de um judeu/ agradeceu afinal antes ele do que eu/ e se colocou a escrever depois de dois mil e quinze anos.

Extraído do disco, ainda sem previsão de lançamento, "Músicas para chuveiro". Produção de Resenha Cínica, selo Ponto Parágrafo.2015.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

No cabelo de Aline

Passarinho fez ninho no cabelo dela
No cabelo dela
No cabelo dela

Trinca-ferro é quem garante a segurança da donzela
No cabelo dela
No cabelo dela

Ela obra Canarinho em tom de aquarela
No cabelo dela
No cabelo dela

Chapéu-de-couro e Bico-de-ouro apertam sua fivela
No cabelo dela
No cabelo dela

Ao som do Pixarro a moça arrasta a chinela
No cabelo dela
No cabelo dela

Nesse xote trança
Me deu a honra de uma dança
Moça é passo-passo
E ela nunca cansa
Ai meu Senhor do Bom Jesus
Peço dê-me juízo
A moça quer mostrar-me
Que existe paraíso
No remelexo da cintura curva da menina
Meu peito acelera,
Corpo libera ocitocina
Eu vou no passo-passo
Dois pra direita, dois
Dois pra pertinho dela
É que o passarinho fez ninho no cabelo da donzela
É no cabelo dela
É no cabelo duro dela
Eu vou no passo moça
Que é minha marca registrada
Dois pra esquerda, dois
Dois pra mais perto da minha casa
Ela sorri e a sanfona chora
Eu perco a hora e a vergonha
Mas se ela aceita
Quem nos visita é a cegonha
Eu vou no passo certo
Chego bem perto pra cantada
Ela abre um sorriso
Mas finge não saber de nada
Sigo no passo certo
Seguro no quadril e flerto
Seu olhar mareja
E não esconde o que deseja
Quer ser minha princesa
Ela me arrasta pela mão
Então que assim seja
Ainda hei de ser o rei do baião

Vou no ritmo dela
Que leva na ca-ne-la a fita de cetim
Três nós feitos por mim
Meu Senhor do Bonfim
Atenda esse pedido ainda está em tempo
É que eu amarrava pedindo nosso casamento

Passarinho fez ninho no cabelo dela
No cabelo dela
No cabelo dela

Trinca-ferro é quem garante a segurança da donzela
No cabelo dela
No cabelo dela

Ela obra Canarinho em tom de aquarela
No cabelo dela
No cabelo dela

Chapéu-de-couro e Bico-de-ouro apertam sua fivela
No cabelo dela
No cabelo dela

Ao som do Pixarro a moça arrasta a chinela
No cabelo dela
No cabelo dela

domingo, 4 de janeiro de 2015

Sentada na varanda

Subordinado verso meu entre tuas sibilações
Está nascendo mais uma já sinto as contrações
Contratações por temporada em um recorte epocal
Pra minha sorte o vento forte leva as mágoas do varal

São bens que vem para o mal
"Vá pro inferno com seu amor"
É que eu só lembro os sons da Gal

O que você me pediu,
Um dia o mundo exigiu
Até alonguei meu pavio,
Mas por demora da Senhora
Meu peito explodiu

Sentada na varanda vê casulos
Daniel pulando muros

Sentada na varanda escuta Perfeição
Sem saber se o horizonte é começo ou conclusão

Sentada na varanda o vento a convida para um voo
Para um passeio em meus ares a esperar-te estou

Sentada na varanda roupas que cheiram à lavanda são seu pano de fundo
A minha Viação encosta, sei que você gosta se te levo pro meu mundo

Sussurro o número do teu bilhete de embarque
Pra que você arque com os teus prejuízos
Remarque teus juízos

Leve na bagagem líbido e coragem
Em meu Mar te banharei não hei de ver a margem
Te direi entre as mais belas, pétalas e folhagens
Entre depressões e serras o amor não foi miragem

Livre um palmo e meio
Não usarei o freio
O prazer é todo nosso
E o ócio é alheio

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Duas mil e quinze

Confesso que medo sinto
Do ano que finda em cinco
Pois antes passei pra onze de dez
E sob os pés, sólido nenhum
Como pedinte me sinto
Porque o seguinte de vinte é vinte e um
Ai mais um peso, mais, mais uma carga
Mais uma corrente que me prende
na mente que não me larga
Mais um milhão e meio
de devaneios por minuto
Mais um surto por hora
Mais uma chance de ficar,
que eu vou desperdiçar, indo embora
Mais uma moça ou duas, três
Quem lá vai saber?
Mais uma que farei chorar
Tentando não fazer sofrer
Mais uma chance de errar
E essas executei com proveito
Mais uma chance pra tirar
essa angústia do peito
Mas o que será de mim
sem a parte que inspira arte em mim?
Ainda é tarde e daqui pra frente
vai ser sempre assim
É tarde pra gente mais volte sempre
que sentir nosso amor rente ao fim
Passei em frente tua casa
Vi teu portão não teu olhar
E essa é a razão que em vão me fará voltar

Eu vou voltar

Pra ver teu 48 no mesmo lugar
É prata que no amarelo ouro faz contrastar
Como minha neurose
na serenidade do teu olhar
E no cinza da lua que governa Câncer
Encontrei minha última chance
Essa minha última chance

Posso ser Baggio não plágio
Ou Caravaggio, vi barroco na lata
Não vou falar por lembrar
Que já falei na hora errada
Meu verso botou curativo no
coração ferido de Romeu
quando perdeu Julieta
Que por sua vez feriu o meu
Ai meu sangue escorreu no...
BrancodasaiaquecobreascoxasdeCarolina
Essa menina bebeu
Essa vampira bebeu
E quando deitou em meu lençol
sentindo inveja o Sol nasceu

Ainda estou do lado errado
Ou melhor
Estou do meu
Compondo letras sobre b* que a Globo não vendeu
Escreva tudo o que sente
E quando sentir algo impossível de escrever
Entenda, esse é motivo
de eu não compor sobre você
Botei teus anéis na pauta
Senti falta dos teus dedos
Escrevendo em minhas costas
Com as unhas sambas-enredo
Com uma guitarra solista
E uma passista rockeira cantando
"Esqueça-me baby, mas me possua inteira"