quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Eu sou Hungria

Minha mãe dança, meu pai viaja
Eu guardo numa caixa, cada lembrança
E com a tampa da caixa, fiz uma rampa
Pra subir estimas e cabeças baixas

Meu pai viaja, minha mãe dança
Subi na tampa da caixa, pra ver além
Escrevi "Procura-se Amor", naquela faixa
E depois de um tempo, achei ninguém

É que meu pai lê livros, pela metade
É que minha mãe chora, antes do fim
Mas o problema se....ria se eu
Não herdasse tudo isso pra mim

É que minha mãe escreve, com lápis branco
Pra que as letras livres, encham de cor
A capa do diário, santo e secreto
Onde meu pai, esperto, chama-se Amor

É que eu virei começo, no meio deles
Como a pomba entre a Peristeria
Sou filho do ventre, de uma orquídea
Meu pai é o vento, eu sou Hungria

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Pra valorizar os negativos

Ainda não gosto de nata
Mas a brisa afaga
e é tudo que preciso

Me manter na reta
e me perder nas curvas
de um sorriso

Dê um sorriso
sem imaginar
o bem que prolifera

Somos um
e eu prospero
se você prospera

Pro meu verso renascer
matei meu primeiro livro

Ai queimei as fotos
pra valorizar os negativos

Bati um prego na palma da mão
Pedi perdão pra Cristo

Pensando bem,
viver é isso...

domingo, 16 de novembro de 2014

Emocionada

Ora gente
Poesias não são flores
São sementes
Há quem escreva
Há que leia
Há quem semeie
Há quem regue

Há quem entregue
novas sementinhas

Há quem as cultive
em cada uma das linhas

Há quem pise
E as vezes pisar
faz parte do processo

Há quem julgue retrocesso!

São sementes de árvores
árvores de frutos doces, de trabalho
Cada macaco no seu... Jardim
Flores para quem vê
Amores para mim

Lágrimas umidificam o solo
A menina pede colo
Gagueja na oração
Seu pai pega um violão
Ele é poeta bom
Escreve poesias inteiras
nas linhas de um mão
São cortes entre clemências
milagres entre maledicências
Palavras soltas, com sonoridade
na verdade, são providências

Volto inteiro e astuto
pois não há um santo oco
Que diga que faço pouco

Faço semear sementes
Em cada tom dessa gente
Sobre luto e sobre luta
Pra que até a terra bruta
se complete com o que planto
Como a filha se completa com o pai
Que se completa com o canto

Sementes vou completando
colhendo, comendo e amando
à mando de quem falou, um dia
"Ouça amor, sua poesia é linda,
sobre mim, me emociona mais ainda
como se fosse um flor"

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Lêleo

E eu vou usando a porcelana como isolante
É eficaz e relevante, quando tirei da estante
Sobrou um espaço grande, botei a nossa foto
Que ninguém via no lugar que estava antes
A porcelana isola, e corta a sola do pé
que chuta a bola, é o choro do Dé
Que levou ponto e não vai levar ponto
... Agora
Toca de lado, eu corri, estou isolado
no lado norte da grama, sem marcação
Sem porcelana, a bola chama o artilheiro
Que rege a orquestra das porcelanas
Que matam o tempo que engana, lembra?
O passe é feito eu domino no peito do pé
A torcida grita lêleo... Olé... Olé




sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Se eu for...

Foi distração, Formiga
trocou a joia Repelente
na palma da minha mão Formiga
Botou um cravo  Repelente
eu fiquei bravo  Formiga
mas sem razão Repelente
cravo espanta formiga Formiga
joia não Repelente

Mais vale um cravo no meus arroz
do que uma formiga entre nós dois

Diz que não vai Formiga
me abandonar Repelente
antes que fosse Formiga
O arroz é doce Repelente
e você queria Formiga
Então Carolina Repelente
Faça figa! Formiga
Pra eu não botar formiga! Repelente

Mais vale um cravo no meus arroz
do que uma formiga entre nós dois

Lamba a colher e Formiga
Imite a mulher  Repelente
da saia florida, Formiga
da blusa branca Repelente
com a estampa de formiga Formiga
passe guache na testa Repelente
quem sabe presta... Formiga
Sei lá se presta! Repelente

Mais vale um cravo no meus arroz
do que uma formiga entre nós dois

Não ter anel é minha regra Formiga
mais tem poesia Repelente
e verso que alegra Formiga
Fui arquiteto, astronauta Repelente
e caminhoneiro, e uma vez,  Formiga
era Folia de Reis Repelente
Conheci um bolo, Formiga
tal de formigueiro Repelente

Mais vale um cravo no meus arroz
não tem formiga entre nós dois

Viu que mudou? Formiga
E se não viu é que não olhou Repelente
Está na cara  Formiga
a primeira linha fala Repelente
"Por detrás da frente" Formiga
Ou é formiga ou repelente Repelente
Me procure, Formiga
não há mal que eu não cure Repelente






segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Finda feira

Pensei ser mamão
            mas descasquei um abacaxi
                    pra morder a maça e,
no fim,
            entender que amor não é uva

sábado, 1 de novembro de 2014

Tic Tal

INTRO:   É que é Novembro
              e meu tempo passa apertado
              entre uma canção composta
              e um talão depositado
              o envelope vai lacrado
              pra carteira dos banqueiros
              e quando eu for mais esperto
              vou depositar ponteiros

Meu tempo tem poder
de me reorganizar
de compor canções em mim
que a vida ensaiou cantar
tem minuto que é um dia
tem dia que é uma semana
tem vez que eu mato o  tempo
tem vez que o tempo me engana
Cada coisa tem um tempo
cada tempo tem de tudo
e quando eu tento entender o tempo
muito mais eu me confundo
é que o tempo é bem maior
que qualquer relógio feito
estou aqui já faz um tempo
e ele é sempre desse jeito

Um recorte temporal
Entre nota epocal
Tic, Tac, Tic, Tac
Tic, Tac, Tic, Tal

Não imagino quem o fez
Minha vó, Dona Maria, certa vez
disse que ele formaria reis
e os mataria
Confesso que nesse dia
eu senti medo tempo
mas hoje tenho argumento
e medo não sinto não
Pego o tempo pela mão
E explico com uma canção
que sou um rei informal,
em processo de formação.
Quando eu estiver formado
Ao tempo deixo o exemplo
minha morte é só um motivo
pra um novo Nascimento
igual eu, com o pé barrento
compor um refrão grudento
que diga "Tempo é dinheiro"?
-Jamais, tempo é sentimento!