segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Crise aos 25

  1. Plantar uma árvore
  2. Criar um filho
  3. Escrever um livro
  1. Plantar um filho
  2. Criar um livro
  3. Escrever uma árvore
  1. Plantar um livro
  2. Criar uma árvore
  3. Escrever um filho
  1. Arborizar a escrita
  2. Filiar uma planta
  3. Livrar a criação

sábado, 28 de novembro de 2020

Boy

Sou tão rico que esses dias
O Governo Federal
Baixou um app me pedindo
Auxílio Emergencial

Pra eles não falta grana
O que falta é bom senso
Pra acabar com essa pobreza
De ver o choro e vender lenço
Se até pro pranto tem custo
Não tomem susto ao me ver
Fazendo o irmão chorar
Pra no fim eu enriquecer

Isso é matemática básica
Pra garantir cesta básica
Então redistribuam renda
Pra evitar uma sexta trágica

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Sarau da Saúva - Salva operária que canta.

 Do pranto pinta um poema; Pincela à pena, vale a pena

Problema é pequeno perto do prisma que propaga poesia serena

Serenata aos olhos que são janela da alma, calma!

Tá nascendo um poema...

Trabalho de parto de quem parte às cinco pro trampo

Alimenta as crias e ara os campos, se suja de graxa, de tinta,

Mas tem ficha limpa, dirige, constrói, cozinha, garimpa

Atende, entrega, recolhe, injeta, borda, quando sobra um tempo, recita!

Carrega uma versinho na ponta da língua, caso azede a marmita

Como essa gente é bonita!

Poesia escrita na piaçava da vassoura, que varre ao redor da guarita

Poesia que finta a pobreza, se senta a mesa e agradece a vida

Poesia que brinda o suco de saquinho, que erra na água e acerta no carinho

Bolinho de chuva, formiga-faraó no pote de de açúcar

Mas aqui ninguém tem rei na barriga

Minha coroa trabalha na casa dessa gente rica

Explica, que só o dinheiro não significa

Precisa ter fibra, ser alegre! Precisa ter febre de mudança!

Precisa de um potão de conserva cheinho de esperança

Aqui se mata o leão, com um mata-leão, pra não acordar as crianças.

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Selva!

 Vida de cão, sete anos em um, morri de velhice aos catorze

Cria de onde a morte afia a foice

Era a selva e eu filhote

Sonhei com peixinho

Depois com bode

Garoupa pra ter roupas

Leoas na garoupa

Tive visão quando abri mão das lupas

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Cromada

Cantou de cromada no banco sem o detector acusar
Era o Dia D, De fazer até a própria mãe chorar
É sua primeira vez é impossível aquietar, ansioso
E quem nunca ligou pra ele hoje vai filmar

Nunca teve roupa boa, esse é seu traje de gala
É o tipo de pessoa que você não quer no sofá da sua sala
E quando fala joga na vala seu português correto
Phd em Racionais, ginga e fala gíria, gíria não, dialeto!

O mais esperto da turma quase sem oportunidade
Era uma chance pra fazer amor e samba até mais tarde
Mas foi trampo balde, pano e espuma em lava rápido
Um final triste pra um potencial musicista clássico

E nesse dia pôs o pé onde só o dinheiro vale
Fruto da violência, ia mostrar tudo que sabe
Cabelo na régua pros aliados ver na reportagem
Deu brilho na peça agora era ele e a coragem

E as cortinas abrem...

Se a vida é um show eu que abri as cortinas pra subir no palco
Mãos pro alto, mãos pro alto

Centro Cultural Banco do Brasil
XVI Amostra de Arte Infanto-Juvenil
Plateia cheia pra quem se acostumou com bolso vazio
O locutor chama seu nome na barriga sente um frio

Sobe no palco com a gaita cromada brilhando afinada em Dó
E a professora tranquila sabia que ele é o melhor
Notas limpas, roupas limpas que comprou com seu suor
Performance fantástica arranca lágrimas da mãe e da avó

Emociona o público ao fim do show menino ovacionado
Derramou lágrimas no palco e não seu sangue no asfalto
Foi um grande salto o queriam de band num assalto
Mas ele é o diamante da lama e os ladrões estão no planalto

Reveja seus atos, agradeça ao rap de mensagem 
Deram uma chance e ele agarrou-a com vontade
Tá na TV da sua sala e não de radinho na laje
Eis que cortinas se fecham, com esse verso mentes abrem


segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Sujeito de (quase) sorte

 Os pesadelos que tenho acordado já são piores que os que tive dormindo

Minha hora tá vindo, só quero que lembrem de mim como um cara engraçado

Amo ver os teus olhos fechados no instante exato em que está sorrindo

O que me tirou do aperto nos últimos dias foi teu riso largo

O fardo que levo nem é tão pesado, isso me faz crer que sou fraco

Quebrado ao ponto de caco, mas é natural pra um vaso de barro

Do barro eu vim, do bairro que um vim a Esperança está no logradouro

Compram nossa fé com migalhas pra nos revendê-la a peso de ouro

Eu pago o preço, eu levo o peso, isso me faz crer que sou forte

Da escola que vim a falta de dinheiro machuca, o Real é nossa nota de corte

O telefone do céu é a oração, depressão é o momento em que chega um trote

Minha linha se quer tem chamado nos últimos dias, talvez seja sorte