Do pranto pinta um poema; Pincela à pena, vale a pena
Problema é pequeno perto do prisma que propaga poesia serena
Serenata aos olhos que são janela da alma, calma!
Tá nascendo um poema...
Trabalho de parto de quem parte às cinco pro trampo
Alimenta as crias e ara os campos, se suja de graxa, de tinta,
Mas tem ficha limpa, dirige, constrói, cozinha, garimpa
Atende, entrega, recolhe, injeta, borda, quando sobra um tempo, recita!
Carrega uma versinho na ponta da língua, caso azede a marmita
Como essa gente é bonita!
Poesia escrita na piaçava da vassoura, que varre ao redor da guarita
Poesia que finta a pobreza, se senta a mesa e agradece a vida
Poesia que brinda o suco de saquinho, que erra na água e acerta no carinho
Bolinho de chuva, formiga-faraó no pote de de açúcar
Mas aqui ninguém tem rei na barriga
Minha coroa trabalha na casa dessa gente rica
Explica, que só o dinheiro não significa
Precisa ter fibra, ser alegre! Precisa ter febre de mudança!
Precisa de um potão de conserva cheinho de esperança
Aqui se mata o leão, com um mata-leão, pra não acordar as crianças.