sábado, 28 de novembro de 2020

Boy

Sou tão rico que esses dias
O Governo Federal
Baixou um app me pedindo
Auxílio Emergencial

Pra eles não falta grana
O que falta é bom senso
Pra acabar com essa pobreza
De ver o choro e vender lenço
Se até pro pranto tem custo
Não tomem susto ao me ver
Fazendo o irmão chorar
Pra no fim eu enriquecer

Isso é matemática básica
Pra garantir cesta básica
Então redistribuam renda
Pra evitar uma sexta trágica

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Sarau da Saúva - Salva operária que canta.

 Do pranto pinta um poema; Pincela à pena, vale a pena

Problema é pequeno perto do prisma que propaga poesia serena

Serenata aos olhos que são janela da alma, calma!

Tá nascendo um poema...

Trabalho de parto de quem parte às cinco pro trampo

Alimenta as crias e ara os campos, se suja de graxa, de tinta,

Mas tem ficha limpa, dirige, constrói, cozinha, garimpa

Atende, entrega, recolhe, injeta, borda, quando sobra um tempo, recita!

Carrega uma versinho na ponta da língua, caso azede a marmita

Como essa gente é bonita!

Poesia escrita na piaçava da vassoura, que varre ao redor da guarita

Poesia que finta a pobreza, se senta a mesa e agradece a vida

Poesia que brinda o suco de saquinho, que erra na água e acerta no carinho

Bolinho de chuva, formiga-faraó no pote de de açúcar

Mas aqui ninguém tem rei na barriga

Minha coroa trabalha na casa dessa gente rica

Explica, que só o dinheiro não significa

Precisa ter fibra, ser alegre! Precisa ter febre de mudança!

Precisa de um potão de conserva cheinho de esperança

Aqui se mata o leão, com um mata-leão, pra não acordar as crianças.

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Selva!

 Vida de cão, sete anos em um, morri de velhice aos catorze

Cria de onde a morte afia a foice

Era a selva e eu filhote

Sonhei com peixinho

Depois com bode

Garoupa pra ter roupas

Leoas na garoupa

Tive visão quando abri mão das lupas