quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Eu vinho pra ficar...

Pelo pecado de verbo
Pronunciado sem tato
Herdo sentado um teto
E um amor mal amado

Crivo na pele uma prosa
Para que possa provar
O doce do suco da boca
É que me vai saciar

Sede de água do mar
Cedo para despedida
Sedo pra ver o grasnar
Da minha ave querida

Uma luz vermelha que gira
Pouco telhado, um cometa
Neologia aspirada
Inspirada de uma caneta

Estou virado de ontem
Contem quatro madrugadas
E só verão que contém
Verão e poucas geadas

E por poucas namoradas
Virei um mero detalhe
Uma folha branca pra afagos
Mas fadas podem ler braile

Furo na guela pra que ela respire
Traqueostomia
Cravina tapa a marca
Marca que eu não taparia

Minha vida é marca e vinco
Afinco na declaração
Vou descompondo um poema
Entre vinho, queijo e pão

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