quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Dê-os IV

Nosso lance ficou embaçado
Igual o vidro do meu carro naquela noite, lembra?

E foi no vidro do carro que escrevi esse verso
Com vapor da tua respiração e minha camiseta no avesso

O que define o começo?
Abril de 15, Abril de 17 ou nosso filho no berço?

Conte sete anos pra frente, e vai ver a gente junto.

Conte sete anos pra trás, e vai ver a gente do lado.

Conte sete palmos de terra, veja a gente no mesmo fundo.

Conte sete sonhos na cama, e vai ver a gente deitado

Cante a nota que alcançou naquela noite, dez e meio
Conte-me como consegue chorar em rosto alheio
Plante a dor no campo onde apanhei centeio
Pra enxergar potencial Lago dos Cisnes, num Patinho Feio

Seu reflexo no lago decepcionou e inspirou Tchaikovsky
Seu beijo mais molhado alagou e inspirou o Marcos

Troco sentimentos reprimidos
Paixão e euforia

Por todos seus comprimidos
Passiflora e Sertralina

Já que sinto Valeriana, torço por Nembutal
Meu lápis, neurotransmissor
Escreve com Gardenal

Meu teclado tem TOC
E só quando Tec-Tec
Fujo desse meu block
Com você na manchete
O seu Sex é Rock
Minhas Drugs são leves
Suas intenções são claras
Estão ao ponto de neve
Quero filhas meninas
Você, pé-de-moleque
É que tomei juízo
Cê só toma pileque

Então...

Apague da sua pele a tatuagem com meu nome
Já que separa minhas iniciais em sua sopa de letrinhas, né!?
E só depois come...

Não atendi sua ligação,
meu celular descarregou
Numa quermesse no Paraíso
A maçã que te dei não era do amor

Você chutou o pau da Barraca do Beijo
Cometeu gafe no Correio Elefante
Perdeu no bingo suas chances comigo
Hasteou bandeirolas a meio barbante

Você se casou com o padre da festa
Chapou de quentão e apagou a fogueira
Ergueu o vestido e subiu o pau de sebo
Mostrando o cuscuz pra quadrilha inteira

Nosso filho entrou em trabalho de parto
sem nem ter carteira assinada
Cê foi tão enérgica para dar a luz
Que a Eletropaulo mandou conta em casa

Cruzei as palavras do quebra-cabeça
Lembrei seus vacilos jogando a memória
No jogo da vida fui parar na forca
Fiquei cara a cara com a Dama de Copas

Tentei ser teu Rei, tu fugiu com o Valett
10 mil à minha direita, eu zero a esquerda
Eu que te propus relação ganha-ganha
Fiz inaugurar relação perda-perda

Se eu fosse o Esquerda e tirasse seis anos
Tu seria Andréia na perseverança?
É fácil viver um amor que dá like
Mas vim te propor um que dê esperança

Imagine as crianças na lição de casa
Você nas de exatas e eu nas de humanas
Tu vai organizar o orçamento da casa
Eu vou organizar as Festas da Pijama

Tu vai me contar os teus sonhos secretos
Irei escrevê-los e soltar pelo mundo
Entre um sarau e outro na cidade
Sonhos são verdade se sonhados juntos

Eu melhor amigo e o cê querendo amor
Eu propus amor tu tiraste o corpo
Agora implora meu corpo contigo
Espero que encontre abrigo em outro

Eu tive duas casa com pais separados
Numa tinha carro, na outra TV
Hoje tenho a casa de duas amigas
Que me dão bebidas e o que comer

Matam minha fome e minhas vontades
E eu nem me matei para tê-las aqui
Agora pegue tua vaidade e se mate
Infarte pois não sinto falta de ti

Perdi as contas de quantas noites chorei
Plantei esperança na planta que fiz
De uma casa linda pra gente morar
Mas você olhou e torceu o nariz

A culpa não é sua, tu foi trasnparente
Eu só agradeço a tal transparência
Estive por anos jogado aos seu pés
Já que não deu certo amor, paciência

Anote meu número depois apague
Não me ligue mais, já tenho compromisso
Trabalhei com afinco de realizar teus sonhos
E você me acusou de dormir em serviço

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